O Fórum Paulista de Educação Infantil fixa posição sobre a volta das atividades para a educação infantil. O protocolo estabelecido pelo Estado impede a criança de ser colocada no colo:
PRÔ, TÔ sem COLO!
“Estamos inseridas/os em um contexto de barbárie, um ano após o primeiro caso de COVID 19, o Brasil registra a maior média de mortes desde o início da pandemia, com mais de mil mortes diárias e 250 mil vidas interrompidas.
Nesse contexto o panorama do Estado de São Paulo é desolador: Recordes diários de lotação nas UTIs; Circulação da variante brasileira do coronavírus de maior transmissibilidade; Restrição de circulação noturna; Lockdown em algumas regiões; Iminente colapso do sistema de saúde público e privado no território nacional.
É nesse contexto que muitos municípios paulistas, incluindo a capital, retomam o atendimento presencial de bebês e crianças nos espaços coletivos de Educação Infantil, a partir do previsto nos PROTOsemCOLOS.
Protocolos sanitários que estabelecem regras para orientar a jornada presencial de bebês e crianças como, por exemplo, o distanciamento físico de no mínimo 1 metro, em todos os contextos e espaços, nas refeições, parques, salas, corredores como uma condição essencial para a saúde, além de prescrever o uso individualizado de brinquedos (não pode mais trocar com a/o amiga/amigo) e a não permanência das famílias no espaço educativo, sequer nos períodos iniciais do ingresso dos bebês e crianças à instituição.
As regras e o distanciamento previsto nos PROTOsemCOLOS provocam muitos outros distanciamentos que contribuem para desconstruções de direitos, concepções e lutas históricas da Educação Infantil. Precisamos estar atentas/atentos para esses outros tantos distanciamentos.
Os PROTOsemCOLOS nos distanciam: das concepções de uma Educação Infantil humanizadora, inclusiva e emancipatória; das interações próximas, acolhedoras e intensas, que constituem um dos eixos do trabalho pedagógico previsto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI); dos direitos de bebês e crianças à proteção, à saúde, à liberdade, à confiança, ao respeito, à dignidade, à brincadeira, à convivência e à interação com outras crianças explicitados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Infantil (DCNEI).
Por isso, questionamos:
Quais concepções de bebês, crianças, Educação Infantil, professor(a) estão presentes nos PROTOsemCOLOS? Como garantir o direito à liberdade em espaços com mobilidade restrita? Como construir a confiança nas relações distanciadas, onde a máscara invisibiliza os rostos e os sorrisos? Qual dignidade pedagógica que se constrói a distância, sem proximidade, sem integração e troca? Quais brincadeiras potentes e felizes podem ser construídas de forma individual e sem interação? Como concretizar na jornada educativa uma Educação Infantil de bebês e crianças pequenas sem colo?
Como viver por até dez horas diárias, cinco dias por semana, em um ambiente regido pelos PROTOsemCOLOS? Qual história estamos construindo ao retornar presencialmente nessas condições e com essas regras? Quais as consequências dessas experiências para bebês, crianças, educadoras e famílias? Coletivamente precisamos pensar a “quem” e a “que” serve o retorno do atendimento presencial de bebês e crianças nestas condições?
Diante de tantas questões complexas, muitas vezes, se coloca no “colo” das famílias a decisão de retornar ou não com seus bebês e crianças para o atendimento presencial, nas circunstâncias dadas pelos PROTOsemCOLOS .
O colo que sempre levou afeto, acolhida, carinho, pode agora levar a insegurança, o medo, a doença e a morte.
As interações alegres, vivas e pulsantes que tecem a rede do cotidiano da infância, agora podem tecer e ampliar as redes de contágio, como evidenciam os dados reveladores da contaminação de educadoras/es, bebês e crianças nas duas primeiras semanas de atendimento presencial.
Deixaremos de seguir as crianças, como nos provoca Malaguzzi, para seguir os PROTOsemCOLOS?
Qual o fim desta estrada? Pode ser o fim da VIDA.
Por estas e outras questões, o Fórum Paulista de Educação Infantil (FPEI) conclama a todes para lutar pela interrupção do atendimento presencial de bebês e crianças.
ATENDIMENTO PRESENCIAL DE BEBÊS E CRIANÇAS?
AGORA NÃO!“
Março de 2021
Eu concordo em genero ,número e grau ,dessa forma imposta , sendo que a maior importância é preservar=mos a vida !!
Concordo que será difícil nesse momento…
Dizem que as crianças estão adoecendo em casa, sofrendo sem a escola, tendo consequências psicológicas com esse distanciamento da escola. Porém, retornar nessas condições, sem respeitar os princípios básicos da educação infantil, não incorrerá em problemas ainda maiores para essas crianças? Como entender que o adulto em questão não lhe sorri, está parecendo um astronauta e assustador e que ela não pode ser criança no espaço da escola?