Os professores do RJ fizeram a diferença ao incluírem entre as reivindicações da categoria o fim da meritocracia e seu bônus. Este é o papel que se espera seja realizado pelos sindicatos: exigir salários dignos e não aceitar migalhas dadas na forma de bônus.
A proposta de implantar meritocracia é defendida por economistas como Cláudio Ferraz da Faculdade de Economia da PUC-RJ:
— A qualidade da escola passa principalmente pela qualidade do professor. E uma das maneiras de melhorar é criar estímulos para os docentes. É algo que pode gerar insatisfação em parte da categoria, mas, se implementado de forma correta, funciona. É um avanço até no sentido de tornar a carreira mais atrativa para bons profissionais que acabam optando por outras áreas.
Já Luiz Carlos de Freitas, professor titular da Faculdade de Educação da Unicamp, questiona a ideia de se adotar um sistema típico de empresas privadas na rede pública de ensino:
— Uma escola não é uma pequena empresa. Não é como produzir sapato, parafuso, carro. Esse sistema não conta com evidência empírica consistente disponível que ateste a sua adequação para ambientes educacionais. É mais uma fé na iniciativa privada do que ciência.
Também defende a ideia de bônus o pró-reitor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Brito:
— Pagar o mesmo salário aos professores indiscriminadamente é incentivá-los a dar aulas medíocres. Uma pessoa que está há anos se dedicando à profissão, preparando melhor suas aulas e atividades e buscando qualificação não pode ter o mesmo que um profissional que não tenha nenhuma dessas qualidades. Quando se fala em dinheiro, desempenho e avaliação, as pessoas começam a ficar espertas — justifica Brito, que tem acompanhado o andamento dessa política nos âmbitos municipal e estadual.
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