Escolas privadas com fins lucrativos na África são alvo de protesto de mais de 100 organizações de direitos civis. Elas protestam contra os financiadores de cadeias de escolas primárias dirigidas a famílias pobres no Quênia e em Uganda.
“O projeto é chamado de Bridge International Academies (BIA) e 100.000 alunos foram matriculados em 412 escolas nas duas nações. BIA é apoiada pelo Banco Mundial, que doou US $ 10 milhões para o projeto, e uma série de investidores, incluindo os empreendimentos americanos NEA e Learn Capital. Outros investidores incluem Bill Gates, Mark Zuckerberg, Pierre Omidyar e a Pearson, uma editora multinacional.”
Em carta dirigida a Kim, do Banco Mundial, afirmam:
“Nós, organizações da sociedade civil e os cidadãos do Quênia e Uganda, estamos chocados com o fato de que uma organização cujo objetivo se supõe seja o de tirar as pessoas da pobreza, mostre tão profundo mal-entendimento e desconexão com a vida e os direitos das pessoas pobres no Quênia e Uganda. Se o Banco Mundial tem o sério propósito de melhorar a educação no Quénia e no Uganda, deveria apoiar os nossos governos para expandir e melhorar os nossos sistemas de educação pública, oferecer educação de qualidade para todas as crianças de forma gratuita, e abordar outras barreiras financeiras para o acesso “.
No Brasil, o Banco financia a privatização via escolas charters no Pará.
Entendo que a uma instituição chave da macroestrutura global de dominação capitalista, como o Banco Mundial, nunca poderia, agindo-se com honestidade de propósitos, ser concedido o mandato de pugnar pelo desenvolvimento educacional de países pobres, porquanto o caráter de classe e intrinsecamente extorsivo de um agente do capital veda-lhe estruturalmente a quimérica faculdade de, desinteressadamente, fomentar naquelas nações, saqueadas pela referida macroestrutura global, políticas educacionais concretas que atenuassem minimamente a submissão daqueles países ao referido arcabouço global de poder econômico e geopolítico.
Assim como na área educacional, em diversas outras o caráter capitalista do Banco suscita um inarredável conflito de interesses que se custa a crer que possa ser a ele concedido incumbência de, “abnegadamente”, atuar no interesse comum da sociedade.
Lançando mão dos habituais dogmas-chave do ideário neoliberal, que enaltecem os provedores privados de educação em detrimento das instituições públicas, o Banco Mundial vem procurando vencer o repúdio das populações daqueles paises à ideia de privatização com a sagaz substituição desta pelo termo “parceria”, constitutivo das PPPs, as quais têm-se mostrado verdadeiros “cavalos-de-Tróia” para os sistema educacionais daqueles países, com a disseminação de escolas de baixo custo e baixa qualidade, perpetuando assim a deficiente escolarização da maioria da população, em benefício de um punhado de conglomerados globais de educação que faturam bilhões de dólares nessa área de negócios.
Fica claro que a cumplicidade do Banco Mundial com a infiltração desses espúrios esquemas de espoliação nos países periféricos não condiz com sua autoproclamada missão de “auxiliar os países pobres na questão do desenvolvimento’.