Postado originalmente na Uol em 6/03/2011
O governo envia ao Congresso um PNE – Plano Nacional de Educação – na “cara dura”, sem nenhuma referência à pesquisa educacional que justifique suas opções. Muito dinheiro se gasta em pesquisa para apoiar a elaboração de políticas públicas. Mas os governos preferem ignorá-las quando têm que planejar sua política.
Outros, como os reformadores empresariais por exemplo, se contentam em dizer que “as pesquisas mostram que dá resultados”, mas não as evidenciam também. Com isso, não podemos submetê-las a exame de todas as suas implicações. No fundo, é também uma forma de omitir dados.
No Brasil, situação e oposição, não lidam com dados de pesquisas adequadamente ao elaborarem suas propostas. Alguns nem a mencionam, outros a mencionam sem apresentá-las.
Nos Estados Unidos é um pouco diferente.
A proposta do governo é feita referenciada em um conjunto de pesquisas escolhidas pelo Departamento de Educação. Elas são divulgadas à parte da proposta principal, mas são divulgadas. Com isso, permite-se que pesquisadores independentes examinem as evidências que orientaram as escolhas do governo.
Seria impensável, lá, que o governo enviasse um Plano Nacional de Educação sem qualquer referência à pesquisa educacional. Ou ainda, que se enviasse um documento planejando a educação para os próximos dez anos sem qualquer diagnóstico da situação atual. Ou mesmo que a oposição aceitasse um Plano sem a evidência da pesquisa.
Como se vê: os governos são bons para responsabilizar… os outros.