Postado originalmente na Uol em 15/12/2010
Os resultados do PISA 2009 têm levado Governadores e Secretários de Educação a se justificarem na imprensa.
Paulo Renato Secretário da Educação do Estado de São Paulo teve que justificar que o seu Estado, sendo o primeiro PIB brasileiro com uma participação de 33,1%, ocupe apenas o sétimo lugar nos resultados nacionais do PISA. Usou a mesma desculpa de quando era Ministro da Educação. Naquela época, explicou que a culpa do Brasil não ter ido bem no PISA era da pobreza, pois não se podia comparar alunos que já estavam na terceira geração de participação no ensino superior com alunos que nunca tinham tido pai e mãe no ensino superior. Agora, quando o Estado faz fiasco sob sua responsabilidade, diz que o “estado é heterogêneo”. Ou seja, novamente a culpa é da pobreza.
O problema é que ele se lembra da pobreza só quando é para ela pagar a conta. Ao invés do Secretário fazer uma reflexão séria sobre os descaminhos da educação no Estado de São Paulo, prefere desviar a questão para a pobreza.
Quanto ao fato de Minas Gerais estar na frente dos resultados de SP no Pisa explica: Minas começou as reformas antes. Bem, talvez ele não se lembre, já faz tempo mesmo, mas o PSDB está administrando o Estado de São Paulo há pelo menos 16 anos…
E Pernambuco, a joia de Dimenstein? Com a 10ª. posição no PIB amarga um 16º. Lugar no PISA.
Em geral, os 10 primeiros colocados em participação no PIB têm os melhores resultados no PISA. O destaque negativo fica para SP, que já comentei, e o positivo para MS que com a modesta participação no PIB em 16º. lugar, ocupa a 9ª. posição no PISA. Espírito Santo não impressiona muito pois é limítrofe, ocupando a 11ª. posição no PIB.
Alguém tem dúvidas de que quando se mede desempenho do aluno mede-se também nível de desigualdade social?
Considerando que a Desigualdade regional não mudou nos últimos 13 anos , está certo Daniel Cara:
“Para Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, também no Brasil o foco no professor é sempre a variável mais importante. “Mas só o foco no professor não vai surtir os efeitos necessários. Claro que o primeiro passo é esse. Investir em formação continuada. Só que esse passo não vai ser suficiente para resolver o déficit educacional brasileiro”, afirma. O grande caminho agora é incentivar a renda das famílias. Quanto maior a renda, maior a escolaridade”.
Ao invés de ocultar esta realidade com a “busca da excelência” procurando atingir os países desenvolvidos nos resultados do PISA, o melhor a fazer é “pisar” no chão por aqui mesmo.