A grande imprensa não explorou, exceto a mídia alternativa, mas o presídio em que 60 pessoas foram mortas em Manaus é operado por uma terceirizada: Consócio Pamas – Penitenciárias do Amazonas, a Umanizzare Gestão Prisional e Serviços e a LFG Locações e Serviços Ltda. É o que denuncia o Portal Vermelho:
“A tragédia consumou-se, entretanto, com um elemento a mais, a provar a desresponsabilização total do Estado frente aos Direitos Humanos.
Em 2015, depois de criar uma secretaria específica para cuidar dos presídios, a Secretaria de Administração Penitenciária, José Melo contratou um consórcio, através de contrato de parceria publico-privada, para administrar os presídios do Amazonas. O extrato do contrato foi publicado no Diário Oficial do Estado do dia 9 de dezembro. Trata-se de um contrato de R$ 205,9 milhões para concessão de cinco unidades prisionais por 27 anos, prorrogáveis até o limite de 35 anos.
A Umanizzare, que em 2014 recebeu do governo amazonense R$ 137.284.505,62, prometia, como o seu nome já diz em italiano, “Humanizar” os detentos.”
Onde entra a privatização ela secundariza objetivos sociais e os submete a objetivos materiais: a geração do lucro. Portanto, se uma unidade prisional fica com presos acima do número estipulado, tanto melhor, pois o número de presos é um elemento da definição de quanto a contratada recebe. Mais ainda, como mostram os dados americanos sobre privatização de prisões, se as penas são mais longas, tais contratadas, adoram, pois os presos ficarão mais tempo dando lucro nas prisões.
Sobre estas questões Ravitch alerta em seu blog:
“Não se engane: o propósito da privatização é fazer lucro. A promessa da privatização é a eficiência. Mas na sua busca por lucro e eficiência, a privatização cria incentivos perversos. Ela incentiva a gestão privada de escolas charter a evitar ou se livrar de estudantes “caros” (a menos que a fórmula de reembolso torne rentável mantê-los), incentiva hospitais com fins lucrativos a diagnosticar pacientes e realizar cirurgias desnecessárias, incentiva os prestadores privados de educação especial pré-escolares a diagnosticar erradamente crianças como se necessitassem de serviços especiais para aumentar seus lucros. E incentiva gestores privados de prisões a manter a população carcerária tão grande quanto possível, uma vez que uma cela vazia é uma cela que não produz receita.”
Em 2014 aconteceu algo semelhante no Maranhão:
“A terceirização nos presídios é apontada pelo sindicato dos agentes penitenciários e pela oposição como uma das causas da barbárie no sistema carcerário do Maranhão.
Responsável por fornecer os guardas que fazem a segurança armada dos presídios, a Atlântica recebeu, em 2013, R$ 7,6 milhões da Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap). Um ano antes, o valor era exatamente a metade: R$ 3,8 milhões. Ano passado, a Atlântica também tinha contratos com outros quatro órgãos estaduais e recebeu no total R$ 12,9 milhões do governo maranhense.”
Veja matéria aqui.
Sobre as consequências da privatização de presídios, o Boletim da Conjur aponta que o lobby da privatização de prisões defende, hoje, nos Estados Unidos, um conjunto de medidas jurídicas para não deixar seu faturamento cair:
“1) Sentença mais longas. As sentenças nos EUA já estão entre as mais longas do mundo. E isso, ao lado da pena mínima, seria uma das razões para os EUA terem a maior população carcerária do mundo. As estatísticas revelam que os EUA têm 25% da população carcerária do mundo, enquanto a população do país representa apenas 5% da população mundial. 2) A aprovação de leis que requerem sentença mínima, independentemente das circunstâncias. Esse tipo de lei já existe nos EUA para qualquer tipo de delito com uso de arma. 3) Uma grande expansão do trabalho de prisioneiros, criando lucros que motivem o encarceramento de mais pessoas por períodos maiores de tempo. 4) Mais punição para os prisioneiros, de forma a prolongar suas sentenças. Hoje, os prisioneiros já podem ter suas penas aumentadas em 30 dias, em caso de qualquer ação que possa ser qualificada como má conduta ou quebra de regra da prisão.”
Atualização: A UOL acaba de publicar matéria detalhada as 17 horas de hoje (3-1-17).
Veja aqui também relação da administradora do presídio com doações a campanhas.
Ninguem explorou também que o Estado permitiu e obrigou a empresa privada a modificar o regime de visitas, permitindo que qq pessoa pudesse visitar qualquer interno, durante uma semana inteira em agosto, durante o natal e durante a virada do ano. Nestas ocasióes muitas armas, drogas e celulares entraram nas unidades.
O portal vermelho náo falou do envolvimento do judiciário, da PM e do Estado como um todo com a facçao FDN. Também náo falou da omissão do Estado em fazer o seu papel, de garantir a segurança, independente da terceirização dos serviços assistenciais e de operação carcerária.
Quanto a avaliaçao do setor privado pelo blog comunista, chega ser engraçado; Eles tentam convencer de q o ser humano é desonesto e por isso nada pode ser privado e tudo tem q ser publico. Mas qdo o poder publico pode, ele faz algo pelas pessoas ou se esconde e evita o trabalho ? As pessoas q trabalham no setor publico são mais honestas do q as q trabalham no setor privado ou apenas menos competente ?
Leia, agora, um imprensa não comunista: a UOL. Controlando o seu sectarismo, talvez você possa ter uma melhor avaliação. Incluí no próprio post, ao final, a matéria da UOL. Veja também relação da empresa com políticos, logo depois.
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O que necessita realmente, é a construção de presidiários, dignos, com seleção de periculidade, e após colocá-los para aprender profissões dignas (agricultuura, pecuária, etc.) orientados por profissioinais especializados, afim de tornar o detento com quaalidades de num futuro, voltar a viver na sociedade., e serem úteis para seu meio de vida, de seus familiáres, etc., Garanto que custará menos do que o desperdício utilizado pelas autoridades políticas!!!