Uma a uma, as principais vedetes da reforma empresarial da educação vão sendo colocadas a pique onde estão sendo usadas. Primeiro foi o pagamento por bônus. Agora os vouchers para que o estudante possa “escolher” a escola, levando dinheiro público para a iniciativa privada. O New York Times traz hoje matéria de alerta sobre o uso de vouchers:
“A confirmação de Betsy DeVos como secretária de educação foi um aceno para o movimento de escolha da escola. Pela primeira vez, o mais alto funcionário da educação do país é alguém totalmente empenhado em tornar os vouchers escolares e outras políticas orientadas para o mercado em peça central da reforma educacional.
Mas quando a escolha da escola está pronta para ir para o cenário nacional, uma onda de novas pesquisas surgiu sugerindo que os vales para escolas privadas pode prejudicar os alunos que recebê-los. Os resultados são surpreendentes – o pior da história do campo, dizem os pesquisadores.”
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Segundo a matéria, três relatórios seguidos (Indiana, Louisiana e Ohio, cada um estudando uma grande experiência de uso de vouchers nestes estados americanos, mostram que eles prejudicam os estudantes.
A nova onda de resultados negativos teve início em 2015 quando pesquisadores examinaram os programas de vouchers de Indiana:
“Em matemática”, eles descobriram que, “os estudantes com vouchers que se transferem para escolas privadas experimentaram perdas significativas no desempenho”. Eles também não viram nenhuma melhoria em leitura” – diz a matéria.
Ainda é feita referência aos resultados negativos obtidos no estudo de Louisiana.
(Baixe o estudo aqui)
Mais recentemente, em junho de 2016 a Fordham, um instituto pró-voucher chegava à conclusão em Ohio que:
“os estudantes que usam vouchers para frequentar escolas particulares têm se mostrado piores em termos acadêmicos em comparação com seus colegas equivalentes que frequentam as escolas públicas”.
(Baixe o estudo aqui).
Implementar os vouchers no Brasil será claramente uma agressão a nossos estudantes e trará uma dupla consequência: os estudantes não vão aprender mais e a escola pública será desmontada. Somente ganha o mercado, pois o dinheiro público é dirigido às instituições particulares de ensino.
Em relação a Indiana, outro site, Mother Jones, informa que na terra de M. Pence, atual vice-presidente dos Estados Unidos, quando ele era governador, o seu fracassado programa de vouchers:
“aumentou em US$ 135 milhões, quase exclusivamente beneficiando escolas religiosas privadas – desde as que ensinam o Alcorão às escolas cristãs que ensinam o creacionismo e a Bíblia como verdade literal – às custas de escolas públicas regulares e geralmente melhores.”
Se os governos querem enfrentar a questão educacional seriamente, terão que se convencer – com os dados já disponíveis e não por ensaio e erro próprio que nos jogarão em mais décadas perdidas – que não há atalhos para a boa educação. E ela é dada na escola pública de gestão pública. A lógica de mercado não se presta para a educação.
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