Lemann lança mais um Centro, o D3E

No dia 8 passado, em São Paulo, foi realizado o sétimo seminário do Centro Lemann (localizado nos Estados Unidos e financiado pela Fundação Lemann). Durante o evento foi anunciado o lançamento de mais um “bunker” da Fundação: o D3E – uma espécie de filial da matriz por aqui.

Segundo o site da Porvir “a iniciativa busca facilitar divulgação de estudos de diferentes linhas de pensamento entre educadores, gestores públicos, membros da academia e da sociedade para qualificar o debate educacional.”

Visa ainda: “diminuir a distância entre a academia e a gestão pública e facilitar a tomada de decisões com base em evidências que transformem a educação.” Segundo o seu diretor João Cossi:

“Além dos relatórios sobre financiamento e ensino em tempo integral, o D3E ainda deve lançar dois novos estudos e promover outros encontros. Também será lançada uma rede de pesquisadores parceiros, que serão remunerados para apoiar o trabalho de organização do conhecimento que chegará até gestores públicos.”

Leia mais aqui.

Estas ideias costumam emergir com a expectativa de que seja possível colocar uma ordem nos dados da pesquisa gerada em inúmeras partes e fazer saltar a “evidência empírica” – caminho árduo. Ou surgem para sintetizar experiências de pesquisadores ou de países preferenciais, selecionados para causar impacto e abrir caminho para certas políticas – caminho fácil.

Sempre é possível e desejável reunir dados de pesquisa. Mas tem método para isso. E eles são rigorosos e trabalhosos e se situam no campo da “meta análise”. Portanto, se não for para fazer meta análise (e da boa), vai se converter em mais um arauto das ideias prontas da Fundação Lemann.

O caminho da meta análise está cheio de corpos de pesquisadores que tentaram trilhá-lo e terminaram caindo na ribanceira da metodologia. Alguns, de fato, apenas arranjaram os dados segundo ideias pré-definidas que lhes interessavam ou interessavam a seus financiadores. Vamos ver qual vai ser o destino da D3E.

Além de João Cossi, Mauricio Holanda e Tássia Cruz, o D3E tem em sua equipe David Plank, professor pesquisador da Escola de Educação da Universidade de Stanford (EUA) e codiretor do Centro Lemann. O conselho é formado por Felipe Michel, coordenador de relações institucionais e governamentais na Fundação Lemann e Martin Carnoy, também professor da escola de educação da Universidade de Stanford (EUA) e codiretor do Centro Lemann.

Em tempo: precisa ser “peer reviewed”, ou seja, ter “revisão por pares”.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
Esse post foi publicado em Assuntos gerais e marcado . Guardar link permanente.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s