O PIB é a soma de todos os produtos e serviços produzidos dentro de um país. Atualmente, o nosso PIB é menor (1,1) do que foi, por exemplo, com Temer (1,7). Isso motivou uma série de críticas à política neoliberal do governo, no âmbito da esquerda. Esse caminho esconde uma armadilha: e se ele vier a ser alto?
É preciso que se diga desde já, então, que a questão central não é se o PIB é ou não alto. Mesmo que ele venha a ser maior, ainda assim haveria que se observar outro fator: quem se apropria do PIB. O PIB, em si, não diz quem se apropria dos resultados econômicos da atividade produtiva – seja ele alto ou baixo. Ou seja, o PIB não mede o bem-estar social da população.
Heather Boushey, diretor executivo e economista chefe do Washington Center for Equitable Growth, explica esta limitação tomando os Estados Unidos como base:
“A economia [americana] está ficando maior, mas não melhor. Não para a maioria dos americanos, pelo menos. Nos Estados Unidos, a receita adicional de produtividade e crescimento vem sendo maioritariamente para aqueles que estão no topo da escala de renda e riqueza. Entre 1979 e 2016, a renda nacional dos EUA cresceu quase 60%, mas depois de contabilizar impostos e transferências, a metade inferior da distribuição de renda registrou aumento de renda de 22%, enquanto os 10% mais ricos tiveram ganhos de renda quase cinco vezes mais – 100%.”
Leia toda a análise aqui no Guardian.
Só para constar, portanto, registre-se que mesmo que a economia brasileira venha a bombar com as reformas que ainda faltam, especialmente a tributária, (incluindo os malabarismos de separar o pib privado do pib público) isso não será sinônimo de que a população brasileira está melhor do que esteve no passado.
Pela lógica do funcionamento das economias neoliberais, o crescimento será apropriado pelas elites rentistas. O caso do Chile também é emblemático.