Em uma época de pandemia onde a solidariedade se faz necessária como elemento para salvar vidas, Sandel explica como quatro décadas de erosão da solidariedade humana pelo neoliberalismo nos deixou despreparados para pensar no bem-comum e enfrentar a pandemia tanto economicamente como moralmente.
Referindo-se aos Estados Unidos, aponta que quatro décadas de terceirização deixou o país dependente até da compra de máscaras e equipamentos médicos de outros países. Moralmente, expõe o paradoxo:
“Quanto à moral, a pandemia nos lembrou de nossa vulnerabilidade, de nossa dependência mútua: “Estamos todos juntos nisso.” Servidores públicos e profissionais de marketing instintivamente lançaram mão desse slogan. Mas a solidariedade que ele evocava era de medo, um medo de contágio que demandava “distanciamento social”.”
O livro foi traduzido e está à venda na Amazon:
“Vivemos em uma constante competição, que separa o mundo entre “”ganhadores”” e “”perdedores””, esconde privilégios e vantagens e justifica o status quo por meio de ideias como “”quem se esforça tudo pode”” e “”se você pode sonhar, você pode fazer””. O resultado concreto é um mundo que reforça a desigualdade social e, ao mesmo tempo, culpabiliza as pessoas, o que gera uma onda coletiva de raiva, frustração, populismo, polarização e descrença em relação ao governo e aos demais cidadãos. A resposta pública se manifesta em eventos como as eleições de Donald Trump, nos Estados Unidos em 2016, e de Jair Bolsonaro, no Brasil em 2018.
Ao analisar conceitos em torno da ética do estudo, do trabalho, do sucesso, do fracasso, da tentativa e de quais são os meios considerados legítimos para trilhar esses caminhos, Sandel sugere um novo olhar para essas relações. O autor salienta as contradições do discurso meritocrático, seus contextos estruturais e a arrogância dos “vencedores”, que julgam duramente os “perdedores”.”
Leia mais em:
“A tirania do mérito: O que aconteceu com o bem comum?”
por Michael J. Sandel.