Dilemas da esquerda

É perceptível que grande parte da nossa esquerda está empenhada em administrar o capitalismo, mas sem ter (ou incluir) uma proposição concreta de futuro que vá além do capital. Ainda que isso seja necessário, pelo potencial que o Estado tem em oferecer alguma resistência às políticas suicidárias do capital, não é suficiente se não se apontam direções de superação das relações capitalistas.

Temos também uma esquerda que se encantou com a tecnologia e que depositou nela, à moda determinista, a esperança de uma solução automática para a crise do capital, baseada no desenvolvimento tecnológico como fonte de aceleração das contradições. Some-se a estes o pessoal do “planejamento” e do “projetismo” inspirado no desenvolvimento chinês.

Provavelmente cada uma destas posições tenha uma contribuição a dar, desde que não menosprezemos o ponto central: as lutas sociais serão o ponto de referência para colocarmos o rumo da história na direção de uma sociedade baseada em novas relações sociais que impeçam o desenvolvimento da barbárie em curso.

A resistência – por dentro e por fora do Estado – é importante se permite o desenvolvimento das lutas e com elas a formação de lideranças que fortaleçam a tomada de consciência. Além disso, tais lutas levam em si, os embriões da participação social – característica central das novas formas de relações sociais. A tecnologia é importante, mas se nos lembrarmos que ela não é neutra e não é suficiente, por si, para produzir novas relações sociais.

Neste processo, será igualmente importante lembrarmos que a educação tem lugar de destaque, pelo seu potencial de questionar os padrões atuais e, ao mesmo tempo, permitir exercitar novas formas de organização da juventude. Eis aí, um problema não resolvido no projetismo chinês.  

Para uma visão de alguns destes dilemas, o leitor pode ler o post de Eleutério Prado que contém uma entrevista feita pela Unisinos com Rodrigo Santaella onde ele examina alguns temas relevantes.

Leia aqui.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
Esse post foi publicado em Assuntos gerais, Camilo Santana no MEC e marcado . Guardar link permanente.

Deixe um comentário