Os reformadores empresariais justificam suas propostas com um argumento preferido e de alto poder de mobilização social: pensamos primeiro na criança, e em especial nas crianças mais pobres, as que são as maiores vítimas da desigualdade social.
Nós não discordamos disso. Mas qual a diferença? Há um longo trajeto entre esta constatação e as medidas que os reformadores querem colocar em prática. Como diz Ladd, “não é porque repetimos constantemente um desejo, que ele se torna realidade”.
As boas intenções dos reformadores não são suficientes. Têm servido muito mais para alavancar projetos de novos políticos desejosos de mostrar resultados e para alavancar a indústria educacional de consultorias e avaliação, do que de fato atender aos interesses dos mais pobres.
A evidência mostra que pressionar escolas para serem eficazes tem perna curta. É como pressionar o delegado de polícia local para que a criminalidade diminua. Há mais variáveis em jogo.
Um bem fundamentado texto sobre a matéria pode ser encontrado em (inglês):
http://sanford.duke.edu/research/papers/SAN11-01.pdf
Redigido por Helen F. Ladd, economista e professora em Duke University, Ladd é especialista em questões de accountability.
Segue o resumo:
As atuais iniciativas políticas dos EUA para melhorar seu sistema educacional, incluindo o No Child Left Behind, avaliação de professores baseada em testes e a promoção da concorrência, são equivocadas porque negam ou deixam de lado um corpo básico de evidências documentando que os alunos de famílias menos favorecidas, em média, têm um desempenho menor na escola do que os de famílias mais favorecidas. Porque estas iniciativas políticas não abordam diretamente os desafios educacionais vivenciados pelos estudantes menos favorecidos, elas pouco têm contribuído – e não são susceptíveis de contribuir muito no futuro – para aumentar o desempenho dos alunos em geral ou para a redução das lacunas de desempenho escolar entre estudantes favorecidos e estudantes menos favorecidos. Além disso, essas políticas têm o potencial de causar danos graves. Enfrentar os desafios educacionais vivenciados por crianças de famílias desfavorecidas requer uma abordagem mais ampla e mais ousada para a política educacional do que os recentes esforços para reformar escolas.