Fundações estão apropriando-se de dados individuais dos estudantes nos Estados Unidos para construir um grande banco de dados sobre seus estudantes. Isso configura violação da privacidade. Dados de testes, frequência e outros constituiriam tal banco que poderia ser acessado inclusive por empregadores e empresas. A vida acadêmica dos estudantes ficaria indelevelmente marcada em seu futuro, afetando suas oportunidades de desenvolvimento e crescimento, bem como emprego.
No Brasil o processamento independente de dados dos governos por instituições privadas tem aumentado e será necessário estarmos atentos para analisar quais dados de nossos estudantes estão sendo distribuídos pelos governos para fundações e para a mídia. O Qedu, por exemplo, é um Banco de Dados apoiado pela Meritt e pela Fundação Lemann (Ambev) que representa uma iniciativa de disponibilizar dados para análise da educação brasileira. Isso é útil, mas tem que ser devidamente acompanhado para evitar os excessos que estamos vendo nos Estados Unidos.
Mais importante ainda: a terceirização de ações pedagógicas dentro dos sistemas de ensino (empresas de consultoria, avaliação e outras) faz com que grande quantidade de dados dos estudantes seja armazenada em servidores e sistemas privados, oriundos da própria terceirizada, a qual detém a vida escolar dos estudantes.
Nos Estados Unidos a questão já está sendo motivo de protestos.
“Preocupações com a privacidade têm crescido devido a um banco de dados de 100,000 mil dólares – em grande parte financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates e operado por uma organização sem fins lucrativos, inBloom Inc. – que contém informações detalhadas sobre milhões de estudantes. A maioria dos estados que se inscreveram para participar de um programa piloto recuaram, e em Nova York, os pais e os educadores reagiram com protestos e uma ação judicial. A organização sem fins lucrativos Electronic Privacy Information Center processou o Departamento de Educação dos EUA pelo banco de dados.”
“Nomes, endereços de e-mail (e de rua) e números de telefone devem ser enviados. Escolas são obrigadas a enviar a frequência dos alunos, juntamente com os seus códigos, que indicam muito mais do que se o aluno estava ou não ausente ou presente. Códigos indicam se um aluno está doente, ocioso, atrasado para a escola ou suspenso. Os detalhes sobre a vida dos estudantes estão se movendo para além dos muros da escola para residir na nuvem da inBloom.”
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