USA: o caso Lederman

Diane Ravitch relata em seu blog a situação de educadores americanos pressionados por decisões arbitrárias das Secretarias de Educação nos sistemas de avaliação por cálculo de valor agregado em uso no país.

A professora Sheri Lederman foi julgada pela Secretaria de Educação do Estado de Nova York como uma professora “ineficaz”, a partir de cálculos de valor agregado baseado nos resultados de testes aplicados a seus alunos. Ela é uma professora excepcional em um bairro de alto desempenho e quando soube de sua classificação não gostou nada. Nos cálculos do ano anterior ela fez 14 dos 20 pontos possíveis na avaliação e um ano depois caiu para 1 na mesma escala de 20 pontos.

Ocorre que é casada com um advogado, o qual resolveu comprar uma briga com o Estado de Nova York. Foi à justiça. Reuniu depoimentos de especialistas em avaliação, estudantes, professores e de seu diretor.

De acordo com Carol Burris que assistiu ao julgamento, o juiz reconheceu que não fazia sentido classificar os professores em uma curva normal. Burris relata:

“Ele entendeu que o sistema de cálculo de valor agregado da Secretaria de Educação fixou artificialmente em 7% a porcentagem de professores “ineficazes”. Não é subjetivo? Indagou.

“Será que seus alunos não aprenderam nada?” – perguntou o juiz McDonough. “Como pode ser que ela tenha caído de 14 pontos para 1 na escala de 20 pontos possíveis em um ano?” Ele observou que as pontuações dos estudantes foram muito boas e não tão diferentes do ano anterior.”

“Quando o advogado da Secretaria tentou explicar mais uma vez, o juiz disse: “É aí que reside a imprecisão desta medida.”

Burris ainda escreve que:

“Na sua essência, esta história é uma história de amor. É a história de um professor que ama seus alunos, sua profissão e a justiça tanto que ela está disposta a levantar-se e deixar o mundo saber que ela era “um ponto fora de curva” com uma pontuação “ineficaz”.

“Foi o amor que obrigou os professores, aposentados e ativos, virem de todos os cantos do estado para estar naquele tribunal em um dia de verão quente. Foi o amor que levou o diretor da escola a dirigir até Albany para estar lá. Foi o amor profundo e duradouro de um marido para sua esposa que obrigou Bruce Lederman a passar inúmeras horas preparando uma defesa extraordinária. E é o amor que nutre e sustenta a boa escola, e não predições de pontuação avatares para o desempenho nos testes da base nacional comum”.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
Esse post foi publicado em Avaliação de professores, Links para pesquisas, Meritocracia, Responsabilização/accountability e marcado . Guardar link permanente.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s