Em uma surpreendente e corajosa entrevista a Paulo Saldaña, o Secretário de Educação do Estado de São Paulo, José Renato Nalini, revela sua opinião sobre o pagamento de bônus para professores e sobre a crença nas avaliações como forma de medir a qualidade da educação.
“Acho que de início o estado embarcou nessa tendência de meritocracia. (…) Eu tenho um receio de que as escolas mais frágeis, vulneráveis, não consigam [se beneficiar]. Porque a performance delas é sempre mais dificultada, a região é vulnerável, as famílias são menos preparadas. Eu tenho muito receio de que a política de bonificação vá perpetuando a desigualdade.”
O Secretário afirma que é preciso ir “devagar com essa volúpia de avaliações.” Para ele, as avaliações ensinam a concorrer, a competir:
“Porque estamos ensinando a concorrer, competir, isso o consumismo já ensina. A escola tem de ser espaço que o aprendizado se faça com alegria, com prazer.”
Afinal, depois de décadas de política ancorada na responsabilização baseada em testes, a experiência paulista começa a revelar o que irá acontecer com a proposta que agora foi transferida de São Paulo para o MEC. Todas as ações em curso foram realizadas, às vezes pelos menos protagonistas, em São Paulo.
Certamente, sua opinião desagradará muitos atores da política educacional e como sempre, não será discutida e sim desqualificada: esta política tem outras razões, que não educacionais, para estar implantada.
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