O presente momento da democracia brasileira pode ser melhor entendido a partir de dois textos de Gonzalo Fernández Ortiz de Zárate, do “Observatorio de Multinacionales en América Latina”. Explica porque os empresários fazem vistas grossas a Bolsonaro e flertam com o autoritarismo, em troca da implantação do liberalismo econômico de Paulo Guedes. Bolsonaro é apenas um joguete nas mãos das corporações, com consequências trágicas para o país e para a democracia.
“A democracia é, sem dúvida, uma das principais vítimas da profunda crise atual. Estamos testemunhando o desmantelamento progressivo dos princípios políticos que não muito tempo atrás pareciam hegemônicos: a soberania popular, direitos humanos, cidadania, representação, separação de poderes, primazia da política sobre a economia… que agora se tornaram letra morta.
Não nos enganemos, esses princípios foram sempre mais um conto do que uma realidade, escondendo em suas práticas uma matriz colonial, patriarcal, classista, apoiada sobre desigualdades significativas e no uso de uma matriz estrutural violenta. Apesar disso, era um modelo de democracia de baixa intensidade que permitia, fundamentalmente no Norte global, determinados espaços de decisão popular. Precisamente hoje, não somente estes, mas até mesmo o conto do estado de direito e da arquitetura multilateral para a defesa dos direitos humanos estão na mira do sistema.
Eles já não são funcionais a ele: o capitalismo é incompatível com a democracia e para que possa sobreviver num momento particularmente crítico, lança um xeque-mate ao imaginário e ao modelo existente desde meados do século passado.”
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