Postado originalmente na Uol em 11/09/2011
Os empresários, através de seus especialistas em educação, recomendam que uma certa lógica dos negócios seja aplicada à educação. Isso significa que aos que se comportam bem, aplicam-se bônus, e aos que não, demite-se.
Nesta visão, a lógica da pressão preside a reforma da escola, pois sem esta ela não se movimenta. Outra não é a justificativa para as placas do Ideb nas portas das escolas – a comunidade pressionando a escola.
Mas, eis que hoje, 11-09-11, Gilberto Dimenstein divulga pesquisa no âmbito das empresas revelando uma outra lógica, onde conclui que:
O foco da investigação foram equipes que trabalhavam em projetos inovadores, gente de quem se exige que encontre soluções, e não apenas que repita o que já se faz, fugindo do que especialistas em recursos humanos batizaram de “aposentadoria mental”.
Apenas uma empresa, na qual os empregados revelaram, em seus diários, ter encontrado constante prazer na experimentação, conseguiu desenvolver um produto inovador. Naquela que teve as piores considerações dos funcionários, o resultado foi um desastre. (…) Há uma ilusão entre executivos de que jogar duro e pagar muito seria a receita de sucesso. “O que motiva, pelo menos na geração de inovação, é o prazer da conquista, não a cobrança”.
Então, Gilberto. Por que não usarmos esta máxima para aposentarmos a ideia de que por placas em escolas com o Ideb, pagar bônus diferenciado para professores e diretores em função do desempenho dos alunos seja uma forma de promovermos a melhoria da escola. É isto que o estudo da RAND mostrou em Nova York, quando os professores dizem que se motivam com o crescimento dos seus alunos e nem tanto pelos bônus.
Professores precisam estar constantemente inovando, pois seus alunos são diferentes durante o ano e entre anos. A promoção da inovação não parece se dar sob pressão, com cobrança de placas nas portas das escolas, bônus, ameaças etc. Dentro do próprio campo industrial, esta lógica de exportação baseada na cobrança parece estar em baixa – pelo menos quando se trata de promover a inovação.