Uma professora que esteve presente no Seminário de Educação Brasileira do CEDES na semana passada na Unicamp comenta o debate:
“Ressalto algo que me chamou atenção sobre o presidente do INEP. José Francisco Soares, que fez uma exposição muita segura, ficou um pouco nervoso por achar que não estava sendo compreendido e sempre fazia questão de ter direito de resposta, e até contorcia-se à mesa. Assim como ele, eu também gostaria de ser levada em consideração, e principalmente no que diz respeito à minha atuação profissional. Acho tão digno ter direito à fala que luto para que um exame baseado em dados não substitua a minha voz enquanto educadora, pois ela ecoa a voz dos alunos, da realidade, não dos números sem nome. Talvez ele tenha se sentido um pouco como se sentem diariamente os educadores: silenciados. Porém, diferentemente de nós, ele foi ouvido. Mas não sem discordância. Provavelmente seja por essa discordância entre os gestores e os profissionais da educação que se precise ir a Jomtien e a Ischeon para discutir educação, pois aqui no Brasil há barulho demais para pensar o que se fará dela. Lá se pensa, aqui só se executa, e com muito esforço, pois é só o que me pedem esses projetos em conjunto com a “sociedade civil”. Em seguida, ao ser interpelado por informações concretas de pesquisas sobre o Pacto Pela Educação, o barulho dos dados (os mesmos dados até então exaltados) começou a incomodá-lo, pois mostrava que havia ali uma grande dissonância entre esses planos e seus resultados. Como o INEP gosta de dados fornecidos pela academia, espero que esses também sejam levados em conta na hora da avaliação dos futuros projetos.”