A mendicância do governo Doria é algo inédito. Toda semana pede para algum empresário fazer alguma doação. Desde espaço para instalar escolas em prédios não utilizados pelos bancos (o que foi um rotundo fracasso) até, agora, livros para a Amazon.
“No fim das contas, a pequena briga entre Amazon.com.br e o prefeito de São Paulo, João Dória (PSDB), com direito a troca de críticas e farpas entre os dois lados, teve um final tranquilo.
Isso porque a empresa, que criticou os “muros cinzas” da gestão tucana na capital paulista em seu novo comercial, aceitou o pedido do político e anunciou na noite desta terça-feira, 28/3, a doação de centenas de aparelhos Kindle para “instituições que promovem cultura e educação”, por meio de um post na sua página oficial no Facebook.”
Óbvio que a Amazon não ia perder esta possibilidade de fazer propaganda de seus Kindles. Ela está em uma briga feia no mercado de leitores de livros digitais. Isso tem um nome bonito: “responsabilidade social dos empresários”.
Com isso oficializa-se a propaganda em ambientes públicos, a título de “contrapartida” da doação. No Chile esta brincadeira terminou com anúncio de refrigerantes nos livros escolares dos estudantes.
Bons gestores são os que planejam e executam soluções originais e duradouras para os problemas e não os que, sem saber o que fazer com os problemas, terceirizam os mesmos para o setor privado, seja na forma de privatização, seja na forma de mendicância, de olho nas próximas eleições.
A mendicância terá pelo menos duas outras consequências mais graves que estas:
- desarticula e improvisa a política pública, pois doações são ocasionais. Podem ou não serem feitas, ao sabor do doador. Não há planejamento de investimentos; o dinheiro é deslocado para outras áreas e temporariamente o problema é encaminhado com dinheiro de doações. Quando elas param, não tem como voltar a ter investimento público, a desorganização aumenta.
- torna o setor público dependente de doadores. Com isso, se amanhã um prefeito de outro partido ganhar as eleições e não for do agrado do empresariado, eles suspendem a doação como forma de criar uma crise para ele. A mídia faz o resto.
Não vou falar, aqui, dos vínculos com financiamento da campanha dos políticos.
É vergonhoso ver a cidade de São Paulo à venda.
É dolorido ver a mendicância como política pública institucionalizada na Prefeitura da maior cidade do Brasil.
A Educação não é uma política pública que se faz com os restos, com o q a iniciativa privada não quer mais… Essa noção de que a política pública se faz com os restos q a burguesia dá, não só vai redundar num fracasso em grande escala, como esconde as negociatas que serão feitas com o grosso do $ publico. Pra q ele serve?
Teria q poder acompanhar o uso das verbas dessa prefeitura pra poder ver como é empregado o dineiro para ver como são efetivadamente produzidas as políticas públicas do Senhor Dória! Ele pretende fazer escola e portanto, seu acompanhamento é necessário!