Neuropicaretagens à vista…

Com o advento das habilidades ditas sócio-emocionais e as ilusões de que a neurociência vai resolver os problemas da aprendizagem, esta ciência tem estado na ordem do dia das políticas da reforma empresarial e das corporações que querem faturar com a venda de sistemas para acelerar o desenvolvimento das crianças. Até no Exame Nacional de Avaliação do Magistério da Educação Básica chega-se a incluir entre o conteúdo a cair nas provas a neurociência.

Para Sidarta Ribeiro, coordenador do Instituto do Cérebro, o “uso do prefixo “neuro” em cursos de qualquer especialidade é uma preocupação”:

“Embora o estudo do funcionamento do cérebro possa ser usado nas mais diversas disciplinas, muitas das aplicações da neurociência não têm evidências consolidadas e validação quantitativa, segundo ele. “Há muita neuropicaretagem”, afirma Ribeiro à Folha.”

Na entrevista ele fala sobre o que considera abusivo nos desdobramentos dessa área, as aplicações mais promissoras e as mais problemáticas e o que esperar de cursos que pretendem usar esse ramo da ciência. Ele alerta para a febre de kits multimídia que pretendem acelerar o desenvolvimento das crianças:

“Neurolinguística e neuromarketing me parecem apenas formas espertas de vender cursos de autoajuda pessoal ou corporativa. No início dos anos 2000 se popularizaram nos EUA vídeos e jogos educativos para bebês supostamente baseados em neurociência, como o “Baby Einstein”. Houve uma febre comercial mas depois se verificou que aquilo não tinha nenhum valor educacional especial.”

Acesse aqui a íntegra da entrevista na Folha de SP.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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Uma resposta para Neuropicaretagens à vista…

  1. Anna Maria Lunardi Padilha disse:

    Fiquei preocupada, pensando aqui, no sério trabalho do Centro de Convivência de Afásico CCA) e atendimento ás crianças (CCAzinho) na Unicamp, ligados ao IEL, que tem com uma das coordenadoras a profª Maria Irma Hadler Coudry. Ela desenvolve, há trinta anos, a “neurolinguística discursiva” que foi por ela construída quando da tese de doutorado orientada por Franchi. Hoje há um bom número de dissertações e teses sob sua orientação e sob a orientação de seus ex-orientandos. Faço essa observação, concordando inteiramente que há picaretagem e das grandes. Mas fica a ressalva.
    Grata, Anna Maria Lunardi Padilha

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