O Jornal da Ciência da destaque para ação do governo Bolsonaro que modifica o PNLD – Programa Nacional do Livro Didático – responsável pela elaboração e compra dos livros didáticos. Foram retiradas exigências importantes:
“Não será mais necessário que os materiais tenham referências bibliográficas. Também foi retirado o item que impedia publicidade e erros de revisão e impressão.”
Isso significa que os livros didáticos, seguindo exemplo catastrófico já utilizado no Chile em 2011 por Piñera, poderão conter anúncios e propagandas. O caso chileno é paradigmático:
“Entre o abecedário e a tabuada, estudantes menores de 12 anos estão recebendo nas escolas privadas do Chile um bombardeio de propagandas feitas por empresas multinacionais, como a Claro, do setor de telefonia, a Monarch, fabricante de bicicletas, e a Nestlé, gigante mundial produtora de alimentos.”
Os livros didáticos são usados nas escolas públicas brasileiras.
A retirada de referências bibliográficas, também poderá permitir que os livros tenham afirmações sem a devida fundamentação científica permitindo toda sorte de achismos. Como é sabido, nos meios conservadores duvida-se que a terra gire em torno ao sol, por exemplo, ou defendem-se explicações religiosas que negam a teoria da evolução.
“O Ministério da Educação (MEC) compra livros didáticos para todas as escolas públicas do País, o que garante o faturamento de muitas editoras. As mudanças foram feitas no programa cujos livros serão comprados para o ensino fundamental 2 (6º a 9º ano).”
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Além disso, as mudanças suprimem trechos de compromisso com a agenda de não violência contra as mulheres e com a promoção da cultura dos povos do campo.
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Cabe agora perguntar o que pensam os pais dos estudantes e quais as repercussões disso para a avaliações do SAEB e do ENEM. Mais ainda, se os livros didáticos, na versão da reforma empresarial que pensou o sistema até agora, devem estar alinhados à BNCC, tudo é possível ocorrer em relação à ela. Os reformadores que se cuidem.
Se as empresas patrocinam os livros didáticos e os gastos públicos são reduzidos, não vejo problema! As que compramos são recheadas de comerciais! Nos livros didáticos os anúncios e propagandas são estudados como um gênero textual.