Doria em SP: intervindo na gestão escolar

O governo Dória escalou um consórcio de quatro fundações para definir quem pode ser gestor na rede de educação pública de São Paulo. Chama-se Aliança o nome do grupo e a parceria chama-se Líderes Públicos (fundações Brava e Lemann e Institutos República e Humanize). E é  sem custos.

Primeiro, os atuais diretores regionais serão entrevistados por Rossiele, o Secretário e seu sub, importado do Espírito Santo onde aplicou assiduamente o receituário da reforma empresarial da educação na gestão Hartung (Doria chamou também Hartung para integrar  o Conselho Estadual  de Educação de SP). Depois entram em cena as fundações a título de avaliar “competências” dos gestores.

Leia mais aqui e aqui.

A conversa é a mesma de sempre, vencer o corporativismo, qualificar gestores, ter diretores que são lideranças e “não se acomodam a resultados negativos”, enfim, ser um implementador alinhado com a política da reforma empresarial (apesar de estar empacada há duas décadas no Estado). Mas, este discurso é apenas para consumo externo, pois seus objetivos são outros.

Como já demonstramos em várias ocasiões neste Blog as reformas não acarretam melhorias na qualidade da educação. No entanto, elas difundem a lógica da reforma empresarial nos processos educativos internos – também chamado de gerencialismo -, contribuindo para que ela seja assumida como regra no âmbito da educação. Aqui, o “dar certo” não se refere a índices e resultados, por mais que eles sejam alardeados,  como faz hoje a Folha, mas à assimilação da lógica empresarial nos processos de gestão.

Deste ponto de vista, é fundamental que os líderes da rede pública estejam  adequadamente inspirados por esta forma de pensar. A expropriação do pensar que já atinge os professores e estudantes, agora sobe pela escala hierárquica e pega o gestor: a forma de gerir será padronizada previamente. Na visão da reforma, a responsabilização por resultados a ser “gerenciada” por diretores é central para o sucesso. Depois de duas décadas padronizando, parece que a Secretaria quer apertar, via gestão, o cerco sobre professores e estudantes.

O alcance da medida afetará 1597 diretores e 621 supervisores que estão designados para tais funções nas 5.400 escolas do Estado. Os demais são concursados. Em primeiro lugar, serão convocados os diretores regionais (91).

Para a reforma é imprescindível padronizar e alinhar para poder cobrar (ou seja, responsabilizar). Esta forma de pensar a educação desenvolve a privatização por dentro, fixando os limites de atuação do gestor dentro dos padrões de gestão empresarial assumidos pela Secretaria de Educação. Depois disso, o passo seguinte é a terceirização das escolas e/ou vouchers.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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