Vouchers: não têm nada a ver com ajudar crianças pobres

Thomas Ultican traça a história do movimento da “escolha da escola” pelos pais, começando com a recomendação de vouchers escolares feita pelo economista Milton Friedman em 1955. A motivação de Friedman, em suas próprias palavras, era abolir a educação pública.

O movimento tem uma consigna que já começamos a ouvir por aqui: “os pais dos estudantes pobres têm que ter o direito de escolher a escola de seu filho tanto quanto os os pais dos estudantes ricos têm”. É um apelo de senso comum que encanta alguns pais, até que se encontrem com a realidade de que o voucher que recebem do governo não dá para pagar uma escola particular de boa qualidade.

Quem não pode complementar o voucher com dinheiro próprio, fica condenado a escolas particulares caça-níqueis. Quando, então, querem retornar seus filhos para a escola pública, esta já não existe mais em seu bairro ou está mais degradada ainda, pois os recursos públicos da educação foram transformados em vouchers – desviados para o bolso dos empresários.

Em seu artigo: “A escolha da escola é uma fraude danosa”, Ultican escreve:

“Nascida nas entranhas do sul segregacionista da década de 1950, a escolha da escola nunca foi sobre como melhorar a educação. Ela diz respeito a supremacia branca, lucrar com os contribuintes, cortar impostos, vender soluções mecantilizadas e financiar a religião. A ideologia da escolha da escola tem uma longa e sombria história de produção de danos significativos à educação pública.”

“Milton Friedman recomendou os vouchers escolares pela primeira vez em um ensaio de 1955. Em 2006, um grupo conservador de legisladores o questionou sobre o que ele pensava na época em que propôs. PRWatch relata que ele disse: “Não teve nada a ver com ajudar crianças “pobres”, não – explicou ele sob aplausos estrondosos – os vouchers eram para ‘abolir o sistema de escolas públicas”. [Grifos nosso]

Continue lendo Ultican aqui.

Leia também PRWatch aqui.

Acesse o texto original de Friedman sobre vouchers aqui.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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