Complexo industrial de testes reage

Publicado originalmente na UOL em 4/12/2012

Eric Hanushek, braço direito do complexo industrial dos testes nos Estados Unidos, tentou contestar o relatório   da National Academy of Sciences que apontou   ineficácia dos sistemas de accountability baseados em incentivos em um estudo divulgado em 2011 conduzido por um painel de pesquisadores por 9 anos e que focou 15 estudos sobre incentivos.

Os argumentos   centrais do relatório indicam que o efeito   dos incentivos, quando não são nulos, não passam de 0.08 desvio padrão, o que   equivaleria segundo o mesmo a uma mudança na posição dos alunos do 50º.   percentil para o 53º. percentil, quando seria necessário uma mudança do 50º.   para o 84º. percentil para os Estados Unidos acompanhar as nações com melhor   posicionamento na educação.

Em uma resposta   (não revisada por pares) e no seu tradicional   estilo de hipotetizar consequências econômicas futuras para decisões   educacionais, Hanushek constrói sua petição de princípio, sem possibilidade   de comprovação fora dos cálculos estatísticos e econométricos que desenvolve,   afirmando que uma variação de 0,08 já significa vantagens econômicas de 14   trilhões de dólares, muito superior ao que se gasta com a produção de   sistemas de accountability. Estaria compensado, portanto o investimento na   accountability baseada em testes.

Além disso, Hanushek   ideologiza o debate argumentando que a conclusão anti-teste do relatório se   deve a que os educadores que compuseram o painel de pesquisadores   responsáveis pelo trabalho influenciaram seus resultados.

Jim   Horn responde a Hanushek evidenciando que   apenas 3 dos 17 pesquisadores envolvidos no estudo têm origem na educação.

Outro   questionamento de Hanushek, um pouco mais técnico, refere-se ao número de   formandos que o relatório aponta ter diminuído. Neste caso quem   responde são os autores do estudo que foi   acolhido pelo relatório e dá base para a afirmação.

Hanushek já havia   elaborado outras fantasias econométricas como estas ao hipotetizar que a   demissão de 5 a 8% dos professores com desempenho inferior nos Estados Unidos   e sua substituição por professores médios, conduziria os Estados Unidos ao   topo no desempenho de matemática e ciências com ganhos de 100 trilhões de dólares.

Aparentemente, o debate não prosperou.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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