Mozart Neves, membro do Movimento Todos pela Educação, assumirá um programa de melhoria de qualificação dos professores no Ministério da Educação.
O Programa visa formar professores de matemática, química, física e biologia tanto no ensino médio como no superior e contém um aspecto que revela a filosofia com que trabalha o Movimento Todos pela Educação e agora oficializado pelo Programa criado pelo MEC: para os reformadores empresariais, o professor é o único responsável pela melhoria da qualidade do ensino. Sabem sobre as demais variáveis, mas elas não contam na hora de elaborar as políticas.
Ao professor será dada a possibilidade de cursar programa de pós-graduação, mas só receberá seu diploma se uma avaliação mostrar que seus alunos melhoraram seus índices de aprendizagem. O certificado fica condicionado à demonstração da melhoria do aluno.
“O certificado garantirá aumento salarial ao docente (progressão na carreira), mas só será concedido se houver a comprovação de que seus estudantes melhoraram –exigência inédita em programas federais de educação.
“Hoje, gasta-se muito com formação dos professores, mas a melhoria não chega aos alunos”, disse Mozart Neves, que coordenará o programa do Ministério da Educação.”
Veja a matéria aqui.
Como bem apontou o Ex-diretor da Unesco no Brasil, Jorge Werthein a vinculação do certificado de pós-graduação ao professor à melhoria dos alunos poderá trazer injustiças pois “ainda não se encontrou uma boa forma de avaliar o trabalho do professor.”
Ele está corretíssimo. As mais sofisticadas formas de se tentar isolar a variável professor das demais conta hoje, nos Estados Unidos, com o repúdio não só dos profissionais da educação como também de renomados estatísticos, como divulgamos insistentemente neste blog.
Várias reações poderão ocorrer: a) desistímulo para cursar o programa de pós; b) escolha de turmas quando se quer cursar o programa de pós – ou seja, o professor recusa salas com os alunos de maior dificuldade, exatamente os que mais precisam; ou c) fraude nos processos de avaliação com vistas a obter o diploma.
O pessoal do Todos pela Educação é incorrigível. É a ideia da responsabilização. Que o MEC tivesse entrado na deles, é o elemento surpresa…
Mais ainda: a aceitação da ideia revela que avança no MEC e nos órgãos de política educacional a concepção de se vincular salário ou progressão na carreira a resultados de alunos em avaliações, copiando o fracassado modelo americano do valor agregado, no qual professores têm 50 a 60% de seus salários vinculados aos resultados dos alunos em testes.
Veja também outras repercussões aqui.
“O pessoal do Todos Pela Educação é incorrigível” rsrsrs
muito bom professor!
realmente esse pessoal quer adotar o sistema falho norte-americano de responsabilização achando eles que isso vai funcionar aqui.
Os empresários tem que parar de comparar educação com suas empresas,
tem que parar de tratar alunos como mercadorias finais e passivos,
parar de tratar professores como manipuladores de um objeto sem reação
eles precisam ir para as salas de aula, para os cursos de pedagogia… Ou parar de opinar e achar que vai resolver a educação com suas manias lucrativas ao extremo.