RJ: repressão dos professores aumenta

A luta dos professores do Rio de Janeiro que inclui salários adequados e não migalhas na forma de bônus meritocrático, depois de reunir 20 mil pessoas em passeata na semana passada, agora é atacada sem se importar com as consequências.

Recentemente o governador questionou os professores dizendo que eles não sabem fazer contas, numa alusão ao bônus que quer implantar e que aumenta os salários. Ocorre que como ficou demonstrado em Nova York, quando esta cidade suspendeu a política de bônus,  não é só a remuneração que move os professores. Seu anseio por um sistema público de qualidade e por ver suas crianças realmente se desenvolvendo são recompensas poderosas para os professores. Com visão de economista, o governador acredita que os professores deveriam agradecê-lo pelo bônus que está dando. Mas a luta é por salários dignos e não por brindes por desempenho.

O objetivo do governo do Rio é acabar com a greve, independentemente das marcas que seus métodos vão deixar na qualidade da própria rede pública. Um país que trata mal seus professores, não pode almejar desenvolver um sistema educacional de qualidade. A qualidade tem que ser construída com os professores e não contra os professores.

Segundo informações divulgadas ontem, mais de 32 professores do Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes, na Ilha do Governador, estão oficialmente processados por abandono de cargo. Ontem, uma professora foi retirada de sala durante a aula e orientada a ir embora. Os salários estão suspensos.

 NOTA DO SEPE

Governo Cabral quer punir profissionais com medidas que nem a ditadura militar ousou aplicar

O Sepe vem a público expressar o mais completo repúdio às últimas medidas implementadas pela Secretaria de Estado de Educação (SEEDUC) para acabar com a greve dos profissionais da rede estadual. Profissionais que fazem a paralisação têm procurado o sindicato para denunciar que o governo do Estado está abrindo inquéritos administrativos contra os grevistas, com a justificativa de abandono de emprego. Ou seja, o governador está querendo acabar com a greve, utilizando práticas que nem a ditadura militar ousou aplicar contra a categoria nas históricas greves do final da década de 70 e na década de 80.

Em 1988, a greve na rede estadual teve duração de três meses e mesmo com a repressão policial contra os profissionais que realizavam uma passeata em Laranjeiras, que provocou ferimentos em dezenas de educadores, o governador da época, Moreira Franco, não teve coragem de demitir grevistas.

Agora, em 2013, Cabral repete as práticas repressivas dos governos militares e de Moreira Franco, mandando a polícia reprimir com bombas de efeito moral, choques e gás de pimenta os professores e funcionários das escolas estaduais. Mas está indo mais além, ameaçando com inquérito administrativo em massa os educadores que apenas lutam por seus direitos e por uma educação estadual, pública e de qualidade.

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About Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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2 Responses to RJ: repressão dos professores aumenta

  1. Avatar de Fabrício Fabrício disse:

    Alunos da REDE ESTADUAL do RJ expõem suas impressões sobre avaliação externa e meritocracia na educação.

    http://www.youtube.com/watch?v=DxTINYk2Vxg

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