Paim assumiu o Ministério da Educação. Como Secretário Executivo do MEC, já estava administrando de fato o órgão bem antes. Mercadante já estava com a cabeça na Casa Civil faz tempo. A paralisia já era visível.
Segundo diferentes personagens, Paim está no Ministério da Educação há 10 anos e se destacou como um bom gestor público.
Para Jorge Gerdau, “isso favorece a continuidade das ações prioritárias e o alcance dos resultados desejados pelo governo”, afirma o presidente do Conselho de Governança do movimento Todos Pela Educação. Para ele, ainda, “sistemas de gestão e acompanhamento de indicadores educacionais serão fortalecidos com o novo ministro.”
Isso é o que restou de um Ministério que desde a época Haddad se empenha em fazer medição de aprendizagem e uma série de projetos picados, ao invés de uma política educacional para o país. E é elogiado exatamente por isso, pelo que restou fazer no MEC, ou seja, administrar bem projetos estanques (construção de creches, Pronatec, etc.). O caso da formação de professores é um bom exemplo. Paim diz que será sua obsessão. Mas por isso entenda-se implementar cursinhos de capacitação e não uma política de formação de professores.
Mercadante entrou e saiu sem plano. Paim assume igualmente sem uma proposta para a educação nacional que seja publicável e possa ser analisada e debatida pela comunidade educacional. O evento que faria tal debate, a CONAE, foi cancelado. E para o governo, o melhor Plano Nacional de Educação já foi elaborado pelo Senado. Portanto, não há nada para discutir.
Por que um gerente neste momento? Primeiro porque Paim fala a língua de Dilma. E segundo, porque em ano eleitoral há que se gerar números para divulgação durante a campanha eleitoral no segundo semestre. Principal função de Paim: garantir os números.
Temos portanto um Ministério que sai da categoria “apagado” durante a gestão Mercadante e entra em uma categoria “tecnocrata”. E há contentamento geral em várias áreas. O aprofundamento da visão técnica favorece as soluções de curta visibilidade, apressadas e bem ao sabor da visão gerencialista de educação. Quanto à política educacional, bem, isso fica para um próximo mandato, se for o caso.
A manifestação da UNE sobre o cancelamento da CONAE pelo MEC chama a atenção para este clima que está se criando e que favorece as ideias de privatização. Não esqueçamos que a gestão é a pedra fundamental das propostas privatistas: é aquela história de que não falta dinheiro e sim boa gestão.
Entretanto, se em quatro anos não houve política educacional, o que nos faria pensar que nos próximos quatro haverá? Estou muito curioso para ver o que Dilma irá propor como programa para a educação no seu próximo mandato.
Arrisco: mais do mesmo!