Os reformadores empresariais defendem que as forças da iniciativa privada e seus métodos de organização do trabalho “consertarão” a educação, basta que nos inspiremos neles.
Claudio Moura Castro afirma que:
“É irrelevante perder tempo indagando se a escola tem “produto”, se ensino é “mercadoria”, se “produtivismo” é neoliberal e outras fantasias do mesmo naipe. Importa reter que instituições das mais variadas naturezas e índoles têm muito em comum e que há boas regras e ferramentas que servem para todas. Como o setor produtivo se antecipou aos outros, há excelentes razões para aprender como ele. Com efeito, quem entendeu isso está ganhando qualidade. “
A Folha de São Paulo de hoje, 8-2-14, traz análise do romance de Marin Ledun, NO LIMITE, que examina como as novas formas de organização do trabalho na empresa ficaram frias e individualistas destruindo o senso coletivo do trabalho. Tem um título sugestivo: “Cultura da avaliação pessoal matou senso coletivo do trabalho”.
“A medição dos resultados se tornou mais importante que a qualificação profissional e a qualidade dos produtos” – diz ele. “Não existe mais o mesmo senso coletivo. Este foi esmagado pela cultura das avaliações individuais de desempenho” – completa.
Este já é o presente vivido em algumas das nossas redes de ensino e escolas que optaram pelas receitas dos reformadores. Este será cada vez mais o futuro de nossos jovens se esta onda não for parada agora…
Isso vale também para as nossas Universidades que estão sob ataque dos processos de avaliação do ensino superior. Sem o coletivo, a produção também se torna individualista e perde força. A maioria dos nossos problemas científicos, hoje, depende de coletivos e não de mentes brilhantes isoladas.
Nas escolas o tecido social está sendo rompido entre os vários atores sociais que estão presentes no coletivo escolar. O bônus é um fator que acelera a destruição do coletivo, bem como a noção de que se as escolas concorrerem entre si, melhorarão a qualidade. A preocupação central está com a medição dos resultados e suas consequências.
Sabemos de onde vem isso, o romance de Marin Ledun desvenda esta realidade com clareza. Copiando as empresas terminaremos com os mesmos problemas. O mais grave é que estamos falando da formação da nossa juventude e não de produzir pregos ou carros.