A propósito da discussão que finalizamos com os entusiastas da responsabilização da escola, acaba de sair um estudo que ilustra muito bem tanto metodologicamente quando em termos de resultados as críticas feitas.
Durante 25 anos os autores acompanharam o progresso de vida de um grupo de cerca de 800 crianças de baixa renda predominantemente escolares de Baltimore através do Beginning School Study Youth Panel (BSSYP).
O estudo traça relações entre comunidades, nível socioeconômico e a contribuição das escolas e chama-se “The Long Shadow: antecedentes familiares, jovens urbanos desfavorecidos e a transição para a idade adulta”, dos autores Karl Alexander, Doris Entwisle e Linda Olson. Lança dúvidas sobre a pressão política para retirar dos bairros as escolas públicas e financiar escolas charters que não estão conectadas às comunidades de apoio.
No Brasil, podemos agregar a mania de transportar as crianças para escolas distantes de sua comunidade de origem a título de “racionalizar” a rede escolar e economizar, ou a título de não ter que construir mais escolas.
Paul Horton comenta o estudo e destaca que:
“na medida em que as escolas não são parte de uma rede de apoio de famílias fortes, oportunidades de orientação, instituições que oferecem atividades construtivas, cuidados de saúde, apoio à criança, e acesso ao nível de entrada e empregos qualificados através de redes da comunidade, estas não podem agregar sucesso aos jovens urbanos desfavorecidos.”
Citando o estudo, p. 187, enfatiza que:
“O que em última análise, determina o bem-estar na vida adulta”, segundo os autores do estudo, é “como os jovens negociam a transição para a vida adulta, que está enraizada em recursos existentes por todo o caminho de volta até a primeira série.”
“Nós vemos que as crianças são lançadas em trajetórias estáveis muito cedo na vida, por muitas razões. Primeiro, o NSE (nível socioeconômico) se alinha com o de seus bairros, e ambos seguem de volta para o NSE de seus pais.”
“Em segundo lugar, os planos dos pais para os seus filhos estão em vigor muito antes do ensino médio, e estes planos são fortes determinantes de seu desempenho e objetivos na vida.”