Diane Ravitch analisa as diferenças de desempenho entre ricos e pobres no teste SAT, o ENEM dos americanos. No Brasil estudo mostra a dependência dos resultados do ENEM brasileiro de variáveis externas à escola. Diane aponta a diferença no SAT americano:
Quantas vezes você já ouviu pessoas como Bill Gates, Arne Duncan, Joel Klein (lembra dele?) e outros chamados reformadores dizerem que a pobreza não importa, que a pobreza é uma desculpa para o mau ensino?
Eu sempre acreditei que a pobreza impõe encargos tremendos sobre os alunos e suas famílias: fome, falta de moradia, falta de atendimento médico, doença etc.
A melhor prova da diferença que a pobreza faz é o SAT. As crianças mais pobres têm as pontuações mais baixas, os mais ricos têm a maior. A diferença de baixo para cima é cerca de 400 pontos. Para ser exato, é de 398 pontos.
O que o SAT mede? A renda familiar e a educação da família.
A constatação vem depois de mais de 20 anos de políticas baseadas nas receitas dos reformadores empresariais da educação, as mesmas que agora querem nos fazer crer que são a salvação da educação brasileira.
É exatamente isso que se observa de dentro da escola. A pobreza não impede de aprender pela situação pessoal, mas pelas circunstâncias que cercam as crianças que vivem a miséria. São pequenos detalhes que fazem enorme diferença: faltam para ficar com o bebe da família, todos saem para trabalhar; saem de casa a procura do que comer e não fazem a tarefa de casa; procuram na rua como ganhar dinheiro para si ou para a família; se alguém é alcóolatra não vão a escola por medo de quem fica apanhar; e sem dúvida ficam doentes mais amiúde. Quando essas circunstancias são superadas eles aprendem tanto quanto qualquer outra criança, o que não é fácil a escola sozinha superar a situação. Por essa razão apoio a Bolsa Família, é uma política que traz pelo menos em um aspecto maior possibilidade da criança estar na escola. Os dados mostram que elas passam a frequentar mais a escola e com melhor desempenho. Interessante (não tenho dados de pesquisa, mas falo de minha experiência) essas criança sempre foram em classe as que mais se interessavam pelos conhecimentos, muito curiosas e menos pelo trabalho com as habilidades. A pensar.
Por mais que os testes padronizados tentem aumentar seus índices com base apenas no desempenho, é inegável o papel que as condições sociais assumem no aprendizado.
Muito interessante pesquisas sobre o assunto.