USA: relatório reprova classificar escolas por cores

Produzir boletins que classificam as escolas em uma escala de eficiência que vai de A até F é uma mania usada por 16 estados americanos. Como já dissemos várias vezes por aqui, todos os tipos de responsabilização já foram usados naquele país nos últimos 20 anos e as médias continuam médias – seja no NAEP, seja no PISA. O método tem o mesmo destino que teve o pagamento de bônus por mérito: fracasso.

Agora, dois pesquisadores analisaram estas experiências e produziram um relatório para o NEPC: Why School Report Cards Merit a Failing Grade. Foi escrito por Kenneth R. Howe e Kevin Murray e divulgado em 26 de janeiro de 2015.

Segue abaixo um breve resumo do trabalho:

“Dezesseis estados [americanos] adotaram sistemas de responsabilização por boletim escolar que atribui notas de A até F às escolas. Outros estados estão agora empenhados na deliberação sobre se eles também devem adotar tais sistemas. Este relatório examina os sistemas de prestação de contas A-F no que diz respeito a três tipos de validade. Em primeiro lugar, examina-se se eles são ou não válidos como uma medida. Ou seja, esses sistemas medem de forma válida a qualidade da escola? Em segundo lugar, examina-se se eles são ou não válidos como instrumento de política. Isto é, até que ponto os sistemas de responsabilização A-F cumprem os objetivos declarados pelos seus proponentes –fortalecimento dos pais, proporcionando medidas de “senso comum” e “simples” da qualidade do ensino, e assim por diante. Por fim, examina-se se os sistemas A-F são ou não válidos a partir de um paradigma democrático. Isto é, como estes sistemas se alinham aos objetivos mais amplos de educar os alunos para a cidadania democrática e de incorporação de pais e membros da comunidade na deliberação democrática sobre as políticas para as suas escolas públicas? O relatório conclui que os sistemas de prestação de contas A-F são inválidos ao longo de cada uma destas questões, e fornece recomendações para o desenvolvimento e a implementação de critérios de avaliação escolar de forma democrática.”

O relatório de Howe e Murray está aqui.

No Chile, que já foi eco das políticas dos reformadores americanos, houve um Ministro da Educação que copiou esta bobagem. Lavín, Ministro da Educação do Governo Piñera, montou um requintado sistema de localização de escolas que mostrava em um painel eletrônico no site do Ministério, em um esquema de cores, qual o resultado da escola obtido em um exame nacional (SIMCE). Algo semelhante se fez no Estado de São Paulo, no passado, tentando dar cores e letras para as escolas. Tanto no Chile como em São Paulo foi descontinuado. Na matriz ainda resiste.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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