Leitora relata sua experiência na rede estadual de São Paulo, imersa nas reformas empresariais da educação desde 2008:
“Sou professora da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo desde 1999. Amo minha profissão, no entanto, desde que essas reformas começaram a ser implantadas em 2008, minha energia vem sendo minada ano após ano, a ponto de não saber quanto tempo mais conseguirei enfrentar a força e a bestialidade com que este processo de enterrar de vez a qualidade da educação das escolas públicas vem sendo implantado.
Trabalhar com vistas apenas em obter resultados no Saresp – Sistema de Avaliação de Resultados do Estado de São Paulo – é deprimente. O Caderno do Aluno (apostila obrigatória na rede) é uma afronta à inteligência e capacidade de professores e alunos, com conteúdos totalmente imbecilizados em algumas disciplinas e praticamente impraticáveis em outras (como no caso do Inglês, matéria que seria de grande valia, se fosse apropriado para a realidade das aulas na rede pública, uma vez que muitas escolas não dispõem de livros didáticos para essa disciplina).
A nova ferramenta, tão alardeada pela Secretaria – SARA – Sistema de Acompanhamento dos Resultados de Avaliações -, só serve para atrapalhar nossa vida, tomando ainda mais nosso precioso tempo, com digitação e acompanhamento de resultados de testes padronizados, que, na verdade, não dizem absolutamente nada a respeito de nosso trabalho e sobre o rumo que devemos tomar para levar nossos alunos ao que realmente é necessário. Precisamos parar esses reformadores, antes que eles nos parem.”
Nossa! Obrigada, professor Luiz Carlos!
Faço das minhas palavras, as palavras da colega. Sou da rede desde 1989 (oficialmente 1992), e estou exonerando faltando 5 anos para aposentar. Porém, se eu continuar, estes 5 serão 10! Não quero isso para mim. Grande abraço Professor e bela página que acompanho a muito tempo.
Prof Dr Carlos Bifi – Matemática.
Infelizmente, para nossa profissão não há esperança! Eu também sou da rede desde 1996 e hoje não vejo outro caminho senão o fim, impossível fazer um bom trabalho com 40 crianças em uma sala de aula e tão poucos recursos e tão baixa remuneração.