Fechar escolas não é solução, diz estudo

O estudo School Closure as a Strategy to Remedy Low Performance, de Gail L. Sunderman da University of Maryland, e Erin Coghlan and Rick Mintrop da University of California, Berkeley, examinou uma estratégia frequentemente usada pelos reformadores empresariais que é o fechamento de escolas quando o desempenho da escola é baixo, medido em testes feitos em exames nacionais ou estaduais com os estudantes da escola, nos Estados Unidos.

Nesta forma de ver a implementação da qualidade nas escolas, elas são tratadas como empresas que não dão lucro e sofrem o mesmo destino que estas: são fechadas. Em caso de fechamento, os alunos são transferidos para outras escolas ou ainda a própria escola é convertida em uma escola charter operada por alguma empresa educacional. Como já dura certo tempo esta estratégia nos Estados Unidos, é possível fazer uma avaliação e tirar alguma conclusão.

Para investigar essa lógica de fechar as escolas para melhorar o desempenho dos alunos, os autores basearam-se em pesquisas relevantes revisadas por pares e relatórios de políticas bem elaborados para responder a quatro perguntas:

  1. Com que frequência ocorre o fechamento de escolas e por quais motivos?
  2. Qual é o impacto sobre os alunos de fechar as escolas por razões de desempenho?
  3. Qual é o impacto do fechamento de escolas no sistema de escolas públicas em que o fechamento ocorreu?
  4. Qual é o impacto do fechamento de escolas em estudantes de diferentes origens étnicas e socioeconômicas, e em comunidades e bairros locais?

Com base na sua análise das evidências disponíveis e relevantes, os autores chegam à seguinte conclusão:

“Em conclusão, o fechamento de escolas como uma estratégia para remediar o desempenho do aluno em escolas de baixo desempenho é, na melhor das hipóteses, uma estratégia de alto risco / baixo ganho que não se mantém promissora no que diz respeito ao aumento do desempenho dos alunos ou à promoção do bem-estar não cognitivo de estudantes. A estratégia é um convite ao conflito político e incorre em custos ocultos tanto para os distritos como para as comunidades locais, especialmente as comunidades de baixa renda e as comunidades negras que são diferencialmente afetadas pelo fechamento das escolas. É lógico que em muitos, se não a maioria, os alunos, os pais, as comunidades locais, os legisladores distritais e estatais estejam melhor posicionados se, ao invés de fechá-las, investem nestas escolas persistentemente.

Baixe aqui o estudo.

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About Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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