Eric Hanushek está no Brasil. Ele trabalha no think tank Hoover Institution, localizado no campus da Stanford University, do qual o fundador, Herbert Hoover, foi aluno (e também presidente dos Estados Unidos). A instituição está no campus de Stanford, mas tem seu próprio conselho diretivo. Seus princípios estão expressos em seu site:
“Os princípios da liberdade individual, econômica e política; iniciativa privada; e governo representativo foram fundamentais para a visão do fundador da Instituição. Ao coletar conhecimento, gerar ideias e disseminar ambos, a Instituição procura assegurar e salvaguardar a paz, melhorar a condição humana e limitar a intromissão do governo na vida dos indivíduos.” (Grifos meus LCF.)
Trata-se de um think tank conservador alinhado com os princípios da direita americana e a favor da privatização – é isso que significa seu princípio de “limitar a intromissão do governo na vida dos indivíduos”.
Eric Hanushek veio participar do Educação 360, um evento produzido pela Globo e um grupo de entidades empresariais brasileiras. Em entrevista ao Todos pela Educação, ele não esconde quais são as finalidades que atribui à educação da juventude hoje:
“Com a introdução da inteligência artificial, automação e robôs, a economia está mudando mais rapidamente do que vimos no passado. Diante desse cenário, a importância da Educação de qualidade torna-se muito mais importante. As pessoas que se ajustarem a essas mudanças e se adaptarem às novas indústrias serão as “vencedoras”. Por outro lado, aquelas que estão presas aos velhos empregos serão as “perdedoras econômicas” do futuro. É essencial que os jovens atuais desenvolvam as habilidades necessárias para essa economia em rápida mudança. Em outras palavras, se no futuro, o Brasil tiver apenas esses trabalhadores insuficientes, sem essas habilidades cognitivas necessárias, será muito difícil para a economia brasileira crescer e acompanhar o resto do mundo.”
Leia aqui.
Por “crescer e acompanhar o resto do mundo”, deve-se entender: ser uma economia interessante para atrair investimentos das grandes corporações e poder gerar os lucros que elas desejam. É assim que as corporações olham para as colônias. Seus jovens são apenas um número nos computadores que devem ter uma educação de “qualidade” certificada pela OCDE com a finalidade de garantir lucros aos investimentos.
Segundo seus novos cálculos para o Brasil – e ele sempre tem um novo cálculo vindo direto de seu computador mágico – colocar todas as crianças no ensino básico (fundamental e médio) e chegar a uma qualidade mínima de educação resultaria em um aumento de produtividade do país que elevaria o PIB em 16% por ano. Dessa forma, teríamos o salário de todos os brasileiros sendo aumentado em 30%. Legal não é?
Só tem um problema. Estes cálculos não funcionam no país dele, onde a educação está estacionada desde que o Pisa foi inventado e patina há 20 no NAEP americano, e tanto o PIB como a produtividade aumentaram mesmo assim.
Suas estimativas são apenas uma simulação que só existe no computador dele. Nada disso tem a ver minimamente com dados da realidade brasileira. Da mesma maneira que o neoliberalismo vive procurando a “economia ideal”, ele também vive procurando a “educação ideal”.