Immanuel Wallerstein, refletindo sobre o esgotamento do Liberalismo (o clássico e o neo) resume muito bem o estilo dos Paulos Guedes que por lá já rareavam e o dos Bolsonaros de plantão. Ele escreve nos idos de 1995:
“Esses povos, em desespero, aceitaram temporariamente os slogans da direita internacional revitalizada, a mitologia do “livre mercado” (um tipo de mercado, diga-se de passagem, que não existe sequer nos Estados Unidos ou na Europa Ocidental), mas essa miragem foi passageira. Já estamos vendo a reversão política na Lituânia, na Polônia, na Hungria e em tantos outros lugares”.
Ele se referia aos povos que haviam caído no conto do neoliberalismo já nos anos 70, mas a referência pode muito bem ser aplicada ao desespero da elite brasileira nas últimas eleições. E continua:
“Ficou para trás o tempo dos ideólogos liberais arrogantemente autoconfiantes. Os conservadores ressurgiram, após uma auto humilhação que durou 150 anos, propondo um egoísmo impiedoso, mascarado por carolices e misticismo, como substituto ideológico. Mas essa conversa não cola. Os conservadores costumam ser presunçosos quando dominam e muito raivosos e vingativos quando ficam expostos, ou mesmo quando apenas se acham seriamente ameaçados. ”
É isso que está chegando por aqui agora, tardiamente, e que vamos ter que enfrentar.
Pelo lado Liberal, Reinaldo Azevedo descreve, na Folha de SP, exatamente este tipo de economista arrogante e autoconfiante exemplificando-o com as atitudes de Paulo Guedes em discurso na Firjan, ameaçando o Sistema S. Não que eles não mereçam, pois apoiaram a trinca Bolsonaro/Guedes/Mourão. Mas, como ele diz, parece que Paulo Guedes ainda está vivendo no Chile de Pinochet.
Os antigos “Chicago boys” são agora os “velhinhos de Chicago”, como lobos solitários pelo mundo. Mas mantêm o potencial de dano elevado, principalmente em situações de desespero das elites.
Pelo lado conservador, há exemplos diários de como a descrição de Wallerstein se ajusta perfeitamente à presunção, raiva e vingança dos conservadores brasileiros.
O show que começa dia 2 de janeiro próximo, promete.
Bom Natal e Ano Novo para todos nós.
Boas festas, Professor. Obrigado por ser um formador de opinião para bem além da universidade.