À medida que vamos adotando um enfoque cada vez mais baseado na “competição” seja no plano da sociedade onde as teses neoliberais vão avançando, seja no interior das escolas com a correspondente conversão destas às teses da reforma empresarial da educação, vai aumentando o volume de remédios baseados no metilfenidato (comercialmente conhecido como Ritalina) usado para crianças diagnosticadas com TDAH – transtorno do déficit de atenção com hiperatividade.
A competição nos testes de desempenho e o endurecimento da disciplina escolar proposto atualmente pelas políticas públicas educacionais do governo vai agravar este quadro.
O estudo abaixo, destacado pelo Jornal da Ciência, mostra os efeitos do composto no desenvolvimento do cérebro e é um alerta importante contra seu uso indiscriminado. Entre 2003 e 2012 houve um aumento no uso do medicamento da ordem de 775%.
Pesquisadores analisam efeitos da Ritalina sobre o cérebro em desenvolvimento
Testes com ratos demonstram que o metilfenidato, nome não comercial do medicamento, pode afetar diversos parâmetros neuroquímicos e comportamentais, levando, inclusive, a problemas de memória e perdas de neurônios
Déficit de memória, perdas de astrócitos e neurônios e diminuição dos níveis de ATP, a moeda energética das células, são alguns dos efeitos que o fármaco metilfenidato pode ter sobre o cérebro em desenvolvimento, segundo estudo realizado em culturas de células e animais de laboratório por pesquisadores do Departamento de Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O objetivo do trabalho, que fez parte da tese de doutorado de Felipe Schmitz, foi entender como o tratamento crônico com a substância durante a infância pode afetar parâmetros neuroquímicos e comportamentais em longo prazo.
Mais conhecido pelo nome comercial Ritalina, o metilfenidato é um medicamento estimulante do sistema nervoso central indicado para o tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e da narcolepsia. Nos últimos anos, contudo, seu uso indiscriminado – seja pelo diagnóstico inadequado de TDAH, por sua utilização por pessoas sem o transtorno que buscam se manter acordadas e focadas para um melhor desempenho no estudo ou no trabalho ou mesmo como droga recreativa – tem preocupado cientistas e profissionais da saúde em todo o mundo. Apesar de seu consumo crescente tanto entre crianças e adolescentes como em adultos (no Brasil, o aumento foi de 775% entre 2003 e 2012, de acordo com estudo da Universidade do Estado do Rio de Janeiro), pouco se sabe ainda sobre seus mecanismos de atuação e suas consequências em longo prazo.
Leia mais aqui.