Doria descarta paulistas na educação de SP

Doria está mesmo desiludido com os educadores paulistas. Convidou Paulo Hartung, ex-governador do Espírito Santo, para compor o Conselho Estadual de Educação no Estado de São Paulo. Hartung estava desempregado porque não quis concorrer a reeleição em seu Estado. E para Secretário Executivo da Secretaria de Educação de São Paulo convidou Haroldo Rocha.

Ambos são privatistas. Haroldo Rocha chegou a ser cogitado para integrar a equipe de Temer. A opinião que os professores do Espírito Santo têm de Haroldo pode ser vista neste abaixo assinado feito por ocasião de sua indicação para a equipe de Temer, que acabou por não ocorrer.

“Vimos por este Manifesto expressar nossa indignação quanto às políticas de cunho gerencialista e privatizantes implantadas no estado do Espírito Santo e denunciar ao povo brasileiro o significado da ida para o MEC do atual secretário de Educação, Haroldo Corrêa Rocha, convidado para assumir a Secretaria Geral daquela pasta. Durante todo o seu mandato como secretário da pasta no estado do Espírito Santo, a diretriz basilar foi a falta de diálogo e o silenciamento de educadores, movimentos sociais, associações científicas e do que vinha sendo produzido pela Universidade.

Desde 2015, a política educacional no Espírito Santo vem se constituindo a partir de gestão centralizadora, autoritária e de ações articuladas com a iniciativa privada, ampliando as parcerias público-privadas, contribuindo para a implementação da privatização do ensino público, para a precarização do trabalho docente e, principalmente, para a perda da autonomia dos professores.

O modelo de gestão adotado no Espírito Santo tem imposto autoritarismo didático e de conteúdos às escolas por meio de programas como o Pacto de Aprendizagem do Espírito Santo (PAES), Escola Viva, Ensina Brasil, Jovens do Futuro, Ensino Híbrido, que desconsideram saberes e fazeres dos professores/as e trabalhadores/as da educação. Desde 2015 houve redução dos investimentos na educação em 68%, fechamento de 41 escolas públicas e de 6.507 turmas, deixando mais de 60.000 crianças e jovens de 4 a 17 anos fora da escola.

Portanto, a ida do Secretário que comandava a pasta de Educação no ES para o MEC não surpreendeu os capixabas, porque demonstrou o coroamento de um projeto antidemocrático e privatista para a educação brasileira, uma vez que se evidencia o alinhamento do Governo do Estado do Espírito Santo com o Governo Temer, com a mercantilização do ensino público e com a negação do direito à educação.

Não é por acaso que a pasta da educação estadual será assumida por outro economista, vinculado ao grupo Espírito Santo em Ação, que congrega grupos de empresários capixabas. Com certeza, tudo isso continuará trazendo enormes retrocessos para a educação não apenas no Espírito Santo, mas para todo o Brasil.

Sendo assim, diante de mais esta etapa do golpe em curso no interior do MEC, conclamamos a sociedade capixaba e a sociedade brasileira a expressarem a convicção firme que a educação é direito social e que não aceitamos os modelos obscuros de gerencialismo e de privatismo em educação defendidos pelo Senhor Haroldo Corrêa Rocha e por, agora, seus aliados no MEC.”

Assinaram:

Comitê Capixaba da Campanha Nacional pelo Direito à Educação; Fórum Permanente de Educação Infantil do ES; CEDES-Centro de Estudos Educação e Sociedade; NEPALES – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Alfabetização, Leitura e Escrita do Espírito Santo; Fórum Nacional de Mulheres Negras; União de Negros pela Igualdade – UNEGRO; Coletivo Feminista do Espírito Santo; Conselho Municipal do Negro – CONEGRO; Fórum Capixaba de Lutas Sociais; Programa de Extensão e Pesquisa Redes de Políticas no Território- CCHN/UFES; Grupo de Pesquisa Pedagogia Histórico-Crítica e Educação Escolar; Círculo Palmarino.

Na Secretaria de Educação do Espírito Santo Haroldo implementou o Programa Escola Viva em 33 escolas públicas em parceria com a ONG Instituto de Co-Responsabilidade:

“O novo modelo de escola em turno único, que no Espírito Santo é chamado de ESCOLA VIVA, já foi implantado em diversos estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiás, Pernambuco, Ceará, Piauí e Sergipe, com o apoio do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação (ICE), que é uma entidade privada, sem fins lucrativos, que trabalha com o desenvolvimento de ações que promovam a qualidade do ensino e da aprendizagem na escola pública.

Leia aqui.

Para alguns, o programa Escola Viva coloca a educação do Espírito Santo na rota da privatização.

Haroldo Rocha vai trabalhar com o Secretário de Educação que Doria já havia anunciado: o ex-ministro da educação de Temer, Rossiele Soares da Silva, que foi também Secretário de Educação no Amazonas. O posto de Secretário Executivo, cargo que está logo abaixo do Secretário, mostra que a orientação privatista na educação do Estado de São Paulo vai ser ampliada e acelerada.

Também fica clara a intenção de dar um “chega para lá” no pessoal do PSDB de São Paulo que até agora comandou a educação paulista. Será que vai dar certo?

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
Esse post foi publicado em Doria no Estado de SP, Meritocracia, Privatização, Responsabilização/accountability e marcado , . Guardar link permanente.

5 respostas para Doria descarta paulistas na educação de SP

  1. Aqui no Espírito Santo essa pequena dupla dinâmica (PH e Haroldo) junto com outras maléficas companhias conseguiram alijar quase que absolutamente a participação social e democrática de espaços importantes da educação capixaba. Seja com a implantação imperativa desses programas como pela implantação de governança corporativa de diversos projetos que não contavam com representação social popular e social comunitária. Com muita luta estamos recuperando escolas fechadas e retomando os espaços de diálogo interrompidos na gestão desses senhores.

  2. José Carlos disse:

    Sorte dos capixabas e azar dos paulistas.

  3. Erica de Almeida disse:

    Nao se pode negar que esses ajustes precisam ser revistos. Porém é necessário que toda uma política educacional seja ajustada, condições de trabalho e apoio aos professores que sabemos que são uma classe desfavorecida. Afinal se chegamos a ter mais oportunidade no mercado de trabalho ( devemos aos nossos professores) . Deveriam ter melhor remuneração e condições de trabalho.

  4. Maria José dos Santos disse:

    O Haroldo foi nomeado para um cargo que não existe na estrutura da SEE/SP. O cargo que ele está ocupando, em substituição a Profª Cleide Buchixio, denomina-se Secretário Adjunto.

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