Com o post “o mito do egoísmo inato” Eleutério mostra, em seu blog, como a interação social na produção e na circulação mercantil se liga à formação de disposições psíquicas na cabeça dos agentes econômicos, bem como o caminho inverso.
É uma contribuição importante para combater a crença neoliberal no egocentrismo dos seres humanos como agentes econômicos autônomos, tomando decisões em função unicamente de seus interesses pessoais. Para Hayek, por exemplo, conceitos como “sociedade” são meras abstrações. Para ele, o ser humano foi socialista somente na época em que vivia em tribos tendo “evoluído” para as formas capitalistas que são mais adequadas à “Grande Sociedade” e à própria natureza humana.
Mas a argumentação construída por Eleutério contraria esta naturalização das relações sociais capitalistas, reunindo contribuições de Vladimir Safatle e de Adrian Johnston.
“Ela [a argumentação] derruba a objeção clássica (liberal) e contemporânea (neoliberal) ao socialismo. Pois, essa crítica de direita afirma que o ser humano, por sua própria natureza, é ego centrado; ele busca o seu auto-interesse, exceto, talvez, no âmbito familiar e de pessoas muito próximas. E que, por ser assim – metaforicamente um lobo – ele está em conformidade com as instituições do capitalismo – um sistema que tem as propriedades da auto-organização e do crescimento sustentável. Eis que esse sistema privilegia e estimula – dizem os liberais – um comportamento privatista intencional que vem a ser o único meio de produzir de modo eficiente, ainda [que] não intencionalmente, a prosperidade e o bem público.”
E conclui:
“À medida que a crítica da economia política [capitalista] compreende o humano como um ser plástico que se adapta ao que ele próprio cria socialmente, fica derrogada a pretensão do liberalismo de naturalizar o indivíduo social.”
Leia aqui.