Mercado de ilusões

Na ilusão de que mais provas significam melhor acompanhamento do aluno e melhores resultados, tanto a Prefeitura de São Paulo como o Estado de São Paulo vão ampliar as provas durante o ano (veja aqui e aqui). Há uma “dificuldade” com nossos dirigentes: 1) entender que ninguém melhor do que o professor, em sua atividade regular de sala de aula, sabe como está o desenvolvimento de cada aluno; 2) e que não basta identificar o problema que o aluno está tendo, mas é preciso ter condições objetivas para intervir na sua formação, ou seja, só para começar, precisa ter menos alunos em sala de aula e mais dedicação a uma mesma escola, ao invés de ser um “professor borboleta” dando uma horinha de aula aqui e outra acola em escolas diferentes, relacionando-se ao final da semana com mais de 500 alunos.

Isso para começar, porque as condições não param por aí. No entanto, preferem-se as medidas de curto prazo que, em verdade, são ilusões temporárias fadadas ao fracasso ou a melhorias pontuais sem sustentação.

Em especial o Estado de São Paulo está há anos nesta patinação geral atrás de medidas de impacto. Hoje também a Folha divulga entrevista de Maria Alice Setubal criticando a adoção de bônus para professores.

O foco na prova (com ou sem meritocracia) leva a maior gasto de tempo com esta atividade e sua conversão em uma ação destinada a “preparar para a prova” e não a ensinar. É o acompanhamento do professor (e para isso não pode ter 40 alunos) em sala que faz a diferença na identificação do problema e na atenção a ser dada ao aluno.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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2 respostas para Mercado de ilusões

  1. Pingback: MERCADO DE ILUSÕES | Grupo de Estudos e Pesquisa em Avaliação e Organização do Trabalho Pedagógico

  2. Provocador disse:

    Nisso concordo com Freitas. Haja prova. Eh prova dia sim dia não é os resultados nenhum conversa com o outro .

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