Postado originalmente na Uol em 19/08/2011
No último dia do Seminário sobre Avaliação e Políticas Educacionais ocorrido entre os dias 16 e 18 de agosto, a pesquisadora portuguesa Maria Eugénia Ferrão, especialista em modelos para cálculo de valor agregado, afirmou hoje em WorkShop na UNICAMP que os vários modelos usados mundialmente neste cálculo apresentam estabilidade precária quando executados com dados obtidos em períodos anuais e que sua estabilidade é apenas melhor com dados superiores a três anos ou mais. Como estes modelos são usados nos cálculos anuais de definição de pagamento de bônus e outros processos de associação do rendimento do aluno a incentivos dados ao professor, a afirmação põe em dúvida a capacidade destes modelos para definição de incentivos financeiros dados ao professor.
A posição da investigadora vem confirmar a cautela indicada recentemente pela National Academy of Sciences americana que também questionou o uso indiscriminado destas técnicas como base para a meritocracia – distribuição de prêmios e sanções a professores. Além dos problemas de estabilidade dos modelos, a NAS indicou ainda que não há evidências consistentes de obtenção de melhorias no rendimento do aluno a partir de sua associação com técnicas de incentivos financeiros.
Considerando que no Brasil, impulsionados inclusive pela midia apressada, cerca de 17 estados estão pensando em fazer uso de meritocracia, esta informação é de grande valia para o cenário nacional.