Postado originalmente na Uol em 29/03/2011 Durante a década de 90 propusemos um modelo de interpretação da avaliação da aprendizagem em sala de aula que procurava colocar em evidência o papel da auto-estima do aluno na produção do sucesso ou do fracasso escolar. Neste modelo, considerávamos a posição de um professor tendo que lidar com 40 alunos em diferentes níveis de aprendizagem, sob pressão de um determinado tempo escolar no qual determinados conteúdos deveriam ser vencidos. A passagem do tempo (uniforme para todos os alunos) se convertia em um poderoso delimitador dos esforços do professor, face ao número de alunos em sala. A conseqüência – assumida por dezenas de professores em situação de pesquisa qualitativa ou em palestras e debates – era que o professor se via forçado a restringir sua atenção àqueles que tinham alguma possibilidade de progredir para uma posição média, em termos de desempenho. Os que já estavam aprovados, não precisariam de grandes investimentos, apenas manutenção. Dentre os não aprovados, dois grupos se diferenciavam: um próximo à média e outro mais distante. Com a quantidade de alunos, os professores eram forçados a dedicar-se aos que estavam mais próximos da média, abandonando os mais distantes. O que acontece quando sobre esta realidade, impomos um esquema de responsabilização e meritocracia – envolvendo penalidade para professores pelos baixos desempenhos dos alunos? Graças a um estudo de Neal e Schanzenbach (2010) sabemos que esta superposição conduz exatamente à maximização deste modelo. Dizem os autores:
Seja por meios qualitativos, seja por modelos quantitativos como os de Neal, os resultados convergem. A introdução de responsabilização e meritocracia acelera e fortalece processos excludentes de longa data conhecidos no interior da escola. Elas não são uma solução para o problema. |
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Luiz Carlos de Freitas
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