Postado oribinalmente na Uol em 20/09/2010
O debate sobre avaliação tem revelado que pelo menos dois clássicos precisam ser relidos atualmente, mas com atenção: D. Campbell e E. F. Lindquist. A constatação vem de estudos que tentam lidar com a guinada americana que generalizou naquele país o uso da avaliação para produzir responsabilização de professores, alunos, diretores e outros. Neste processo, frequentemente recorrem a estes autores para fundamentar sua crítica à responsabilização através de testes de alto impacto.
O primeiro autor, D. Campbell, aparece para alertar que quanto maior as consequências sociais associadas a um indicador quantitativo (p. ex. pontuação em um teste) maior a probabilidade de que este indicador seja corrompido, alterando o processo que se quer medir.
O segundo autor, E. F. Lindquist é dono de frases como estas:
– Os objetivos da educação são diversos e apenas alguns destes são acessíveis aos testes padronizados.
– Tais objetivos, acessíveis, podem ser acessados de uma forma muito menos direta do que nós gostaríamos.
– A interpretação do desempenho do aluno em testes reflete sua necessária e sistemática imperfeição dos testes.
Nos esquecemos facilmente das origens da teoria da medição. Preferimos ficar nos delírios da indústria da avaliação e do uso político da avaliação – ambos atendendo a objetivos imediatistas e nem sempre éticos: ambos exigem esquecer o passado e declarar que a avaliação por testes reflete a realidade do aluno, das escolas e dos sistemas. Tanto que associam consequências aos resultados destes testes.
Não consegui achar os textos on line. Abaixo a bibliografia:
Campbell, D. Assessing the impact of planned social change. In Social Research and Public Policies: The Dartmouth/OECD Conference, ed. Gene Lyons (Hanover, NH: Public Affairs Center, Dartmouth College, 1975.
Lindquist, E. F. Preliminary considerations in objetive test construction. In E. F. Lindquist, ed., Educational Measurement (Washington, DC: American Council on Educacion, 1951).