Postado originalmente na Uol em 31/07/2010
A tática da TFA – Teachers For America – é clara: introduzir-se no Brasil discretamente, na forma de tutores para apoiar alunos com dificuldades. Foi assim no Rio, cujo lançamento ocorreu na semana passada. Lá já se avisava que o projeto se estenderia para São Paulo. A Folha de hoje, 31-07-2010, veicula discretamente o início de um projeto de tutores para ensinar matemática nas escolas públicas estaduais. Não fala nada de TFA, pois aqui o sindicato é mais organizado e iria reclamar. Note: tanto no Rio como em São Paulo quem financia a iniciativa é o BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Nosso antigo conhecido.
Com uma rede que beira os 50% de professores precarizados, temporários e com salários defasados, o Estado continua agora a precarização de outra forma: tutores improvisados (alunos do ensino médio que ensinarão os alunos do fundamental com dificuldades em matemática). Com isso, não contrata um número maior de professores e nem diminui a quantidade de alunos em sala de aula. Improvisa como sempre.
As elites têm claro que não vão poder resolver o problema dos professores: por um lado não estão dispostos a pagar bem, dignamente; por outro, vão ter dificuldades para encontrar, mesmo pagando melhor, quem queira ir para área de riscos, onde se encontra a pobreza que derruba as média nacionais na Prova Brasil. A solução será colocar tutores – ou seja, desempregados que queiram faturar algo por algum tempo enquanto arrumam outro emprego. E é isso que a TFA faz nos Estados Unidos como já mostramos em outra postagem. Lá com a ajuda milionária de Fundações privadas, aqui, como elas não existem, com a ajuda do BID – por enquanto.
O custo destas ações das elites recairá sobre as novas gerações – em especial de pobres. Só a Unesco acredita que em 2015 o Brasil eliminará a pobreza.
Sem equacionar a questão docente de fato, não há saída para a educação de qualidade. E este será apenas um dos primeiros passos necessários.