Uma das formas de privatização mais frequentes é a adoção, nos Estados Unidos, das chamadas escolas charters. Não são nada mais do que escolas públicas operadas por concessão à iniciativa privada, ou dito de outra forma, são escolas públicas geridas privadamente. O modelo aqui está sendo usado na saúde e nos aeroportos, entre outros espaços públicos. Na educação brasileira é mais frequente na educação infantil e agora já atinge o ensino médio.
Mark Naison indaga se tal forma de privatização tem conduzido a uma melhoria na educação americana. Diz ele:
“É hora de fazermos algumas perguntas difíceis. Nos últimos seis anos, têm as escolas charters:
1 . Reduzido a diferença no desempenho educacional entre raças e classes sociais, se medida por resultados dos testes, as taxas de conclusão do ensino secundário, taxas de conclusão da faculdade ou medidas mais holísticas?
2 . Ajudado a estabilizar e melhorar os bairros da cidade e protegê-los da gentrificação, deslocamento e inversão demográfica (movendo os pobres das cidades para os subúrbios)?
3 . Criado um quadro estável de professores comprometidos e talentosos em comunidades urbanas, muitos dos quais vivendo nas comunidades que ensinam?
4 . Ajudado a reduzir a violência escolar da vizinhança ou interromper a linha direta escola-prisão de alguma forma relevante?
Se a resposta a todas ou à maioria dessas perguntas é não (e é), os defensores da educação pública precisam ter uma conversa honesta com a comunidade de direitos civis sobre as escolas charters, compreender a base de apoio da comunidade a essas escolas, enquanto respeitosamente apontam como os interesses imobiliários, especuladores e políticos ambiciosos se apossaram do que começou como um experimento, transformando-o em uma política de terra arrasada que pode muito bem estar fazendo mais mal do que bem.”
No Brasil a experiência com escolas charters iniciou-se no Estado de Pernambuco e está agora estendendo-se para São Paulo. Sobre a iniciativa em Pernambuco escrevi neste blog várias vezes. Sobre São Paulo escrevi aqui.