Em um quase-milagre, Dilma venceu. O quarto poder (a mídia) foi derrotado. Mas ainda é muito cedo para comemorar. Evitou-se que, oficialmente, iniciássemos ao nível federal a era dos reformadores empresariais da educação. Isso, entretanto, não garantirá, por si, que as ideias destes reformadores não continuem assediando o Ministério da Educação, o Conselho Nacional de Educação e o Congresso, na tentativa de se concretizarem. O ganho, portanto, é muito relativo e sempre comparado ao estrago que Aécio faria. Nem Minas, estado governado por ele, aguentou e, se não fossem os mineiros, onde está um dos maiores colégios eleitorais do país, ele teria ganho as eleições presidenciais. Temos uma profunda dívida com eles – mesmo com o desempenho de Dilma no nordeste e no norte.
As eleições nos relembraram que não é o PT (partido de Dilma) que governa, mas sim uma coalisão de partidos onde o PMDB tem um bom espaço. Do ponto de vista educacional, não acho que existam grandes divergências entre o PMDB e os reformadores empresariais da educação. Basta lembrar do papel que a Secretaria da Presidência da República, nas mãos do PMDB, jogou nestes quatro anos de governo Dilma.
A educação é uma área da política pública propícia para pretensos arroubos supra-partidários (até com a oposição). Portanto, é propícia também para acordos inter-partidários.
Em seu discurso de comemoração, muito bem feito de improviso, Dilma fala em diálogo, em união, mas esclarece que isso não significa identidade de ideias. Boas falas. Mas temo, que na área da educação, isso seja mais fácil de dizer do que de fazer. Em especial porque se o programa de Aécio era um suicídio para a educação pública, o programa de Dilma deixa a desejar.
Mais que isso, como já indicamos no passado neste blog, não foram poucas as ações do Ministério da Educação que se aproximaram das ideias dos reformadores empresariais – em especial na era Mercadante/Paim.
Muito da orientação do novo governo estará dada ao se divulgar o nome do novo Ministro da Educação. Aguardemos.
Votamos em Dilma por ela representar a possibilidade, e só isso, de construir um espaço no qual a educação pública possa ser valorizada e não privatizada por concessões. Com Aécio, a privatização era uma certeza.
Ao votar em Dilma, votamos nesta possibilidade de que a crítica possa alterar os rumos que ela mesma tem dado à educação. Nisso jogamos nossa esperança, concordando com ela em que o voto na reeleição é um voto de confiança em quem está no governo para que ele mude, para que ele faça melhor.
Por enquanto: ruim com, pior sem.
A lucidez sempre presente nas avaliações do Luiz Carlos Freitas. É dessa lucidez que precisamos. As paixões confundem e se perdem no vazio de sentimentos impulsivos. Excelente sua reflexão e análise e pactuo com ela. Também quero mudanças no governo Dilma.
Parabéns professor! Também votei, com essa esperança!
O texto mostra a real dimensão do que política. Votar em A ou B não significa que concordamos com tudo que determinado partido faz, mas que suas políticas se assemelham um pouco mais com o que queremos para os diversos setores da sociedade.