O debate mais forte atual gira em torno do novo ministro da Fazenda. As apostas estão entre a escolha de um ministro adepto da recessão imediata que levaria a retomar o crescimento nos anos seguintes, pois aumentaria a produtividade rapidamente pela redução dos salários o que sempre ocorre em um ambiente recessivo (pelo desemprego), ou a escolha de um ministro que mantenha a atual política econômica de garantia das conquistas obtidas (salário e emprego), apostando na melhoria da economia nacional e internacional. Veja aqui.
O empresariado quer recessão já. Para eles se Aécio tivesse sido eleito seria o melhor cenário, pois todos os remédios amargos seriam feitos por Aécio e a culpa seria da Dilma que teria quebrado o país. Ele estaria “consertando” o país. Fariam uma recessão com pouco custo político. Não deu. Restou agora pressionar Dilma a fazer o que eles fariam e, claro, culpá-la, em seguida, pelas consequências sociais.
Eis o dilema da Presidenta, pois se promover uma recessão com estagnação e/ou queda salarial, terá que explicar isso depois, na eleição seguinte.
Qualquer que seja a solução imediata, ela virá acompanhada de grande pressão para que se equacione a questão da produtividade no médio prazo também, ou seja, via alterações no sistema educacional brasileiro. Por isso, a escolha do ministro da Educação poderá ocorrer em linha com a escolha do ministro da Fazenda.
Se optar por não promover a recessão, há espaço para um ministro que talvez não sofra tantas pressões para alinhar o sistema educativo com as necessidades das empresas, tal como defendidas pelos reformadores empresariais da educação. Caso contrário, estes dois ministérios estarão encarregados de promover o aumento da produtividade das empresas: o da Fazenda pela recessão imediata que aumenta a produtividade pela redução salarial pois promove o desemprego (o tal do remédio amargo de que nos fala a oposição); o da Educação pelo alinhamento crescente do sistema educativo ao aumento da produtividade via crescimento do número de formandos (técnicos de nível médio e superior) que reduz por excesso de oferta de mão de obra o salário médio da massa salarial, bem como qualifica para um maior volume de produção, pelo mesmo salário médio.
O aparecimento do nome de Cid Gomes para ministro da Educação pode representar uma inclinação da Presidenta por sair do modelo atual e adotar uma solução que combine “recessão com reforma empresarial da educação” para resolver o problema da produtividade e da recuperação econômica. Apenas para lembrar: Cid era do PSB de Eduardo Campos que em Pernambuco abriu as portas da educação aos reformadores empresariais.
E, mais ainda, como bem registrou Ernica, há quem diga que o Ceará representa a versão brasileira (light) da política de responsabilização dos reformadores empresariais da educação americana (hard). Com a palavra o pessoal do Ceará que já vivenciou as reformas educacionais de Cid Gomes.