Milagres desfeitos

Há algum tempo mencionamos as propostas de Hanushek (veja aqui e aqui) para consertar a educação através da demissão de professores que demonstrassem ter baixo desempenho com seus alunos, aplicando procedimentos de cálculo de valor agregado, baseados em dados dos testes realizados pelos seus estudantes. Ele argumentava que substituindo-os por professores melhores, isso levaria a um ganho futuro da ordem de 100 trilhões de dólares.

Artigo de 2013, de Stuart S. Yeh, agora liberado para acesso não pago, mostra que este “desejo econométrico” de Hanushek é sem fundamento.

Com isso, confirmam-se as críticas que têm sido feitas a este e outros autores, pois seus métodos não trabalham com dados reais e sim com modelos teóricos.

Segundo o autor do estudo que agora é divulgado para acesso:

“Dada a rápida adoção dos métodos de valor agregado nos distritos em todo o país e seu aparente endosso por pesquisadores e formuladores de políticas, há uma necessidade de avaliar a eficácia das políticas baseadas nestes métodos. Um estudo em particular (Chetty, Friedman, & Rockoff, 2011) recebeu uma grande quantidade de atenção (Lowrey, 2012). Chetty et al. (2011) sugere que o uso de valor agregado para identificar e substituir 5% dos professores de menor desempenho por professores de desempenho médio, aumentaria o desempenho do aluno e se traduziria em ganhos consideráveis durante a vida de seus alunos: “O total de ganhos, em considerar os ganhos desta política, é de US $ 52.000 por criança e mais de US $ 1,4 milhão para a sala de aula da média (Chetty et al., 2011, p. 5)”. Estes números surpreendentes foram citados para justificar o uso de valor agregado e para que sejam susceptíveis de acelerar a adoção de valor agregado por distritos escolares em nível nacional (Kristof, 2012a, 2012b).”

A conclusão do estudo é que:

“Os métodos de valor agregado não são confiáveis ou válidos e as políticas baseadas nestes métodos não apresentam custo-benefício para o propósito de aumentar o desempenho dos estudantes e elevar os ganhos pela demissão de grande número de professores de baixo desempenho.”

O estudo de Chetty, Friedmann & Rosckoff, 2011, especificamente, já havia sido contestado antes. Veja aqui.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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