Reportagem de Paulo Sandaña, na Folha de São Paulo, informa que o Ministério da Educação vai lançar um programa para as escolas dos anos finais do ensino fundamental, ou seja, do 6º ao 9º ano, que prevê assistência técnica e bonificação para aquelas que melhorem resultados de abandono, aprendizado e desigualdade.
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A ideia do “bônus” está de volta. Como já disse Diane Ravitch, bônus é “uma ideia que nunca morre e nunca funciona”. Ela volta associada a assessoria técnica a escola de baixos resultados e não escapa à ideia equivocada de que o problema da desigualdade educacional é questão de gestão e incentivo para a escola e não de condições de vida que se agravam com as condições de trabalho existentes nas escolas e o grande número de alunos nas salas de aulas. Nos últimos 20 anos, nos demos ao luxo de fechar 146.000 escolas básicas na cidade e no campo, ao invés de usar estes professores e equipamentos para reduzir o número de alunos nas salas de aula das grandes escolas, permitindo uma melhor atenção dos professores a seus estudantes.
A fé nos bônus advém da lógica liberal que prega que todo reconhecimento nunca pode ser feito de forma compartilhada, mas sempre incentivando a disputa, a concorrência. A concorrência é que levaria à qualidade e não o investimento público em si.
Bônus já foi tentado em várias formas pelo mundo afora sem resultados. Primeiro tentou-se dar bônus para o melhor professor, depois passou-se a dar bônus para escolas, ante o fracasso da primeira versão, e finalmente virou pagamento de salário por valor agregado, mais recentemente. De fracasso em fracasso, se mantém por questões meramente ideológicas e não de resultados. E não precisa nem ir a Nova York, basta ver a avaliação da política de bônus no Estado de São Paulo. Mas se quiser os dados de Nova York, veja aqui.
E assim caminha a educação brasileira. Depois de dois anos de inoperância do MEC, ele porá em prática políticas educativas pontuais e já fracassadas.
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Lamentável que o mais fácil seja sempre pensar que a culpa é dos(as) professores, professoras e gestão. Lamentável e , assim caminha rumo a bueiros o dinheiro da educação pública que ,cada vez se torna mais difícil se ter ou manter a qualidade por falta de investimento em incentivos reais, que levem a resultados de fato, como exemplo, investimento em pesquisas que percebemos como faz falta principalmente neste quadro que estamos sobrevivendo.