Escolas charter: a revolução silenciosa. Fato ou falácia?

Pedro Olinto, economista sênior do Banco Mundial, nos “informa”, hoje, sobre uma “revolução silenciosa” em curso na educação americana, baseada na terceirização das escolas públicas. Ele escreve na Folha de São Paulo sobre um relatório do CREDO – Centro de Pesquisa sobre Resultados Educacionais – da Universidade de Stanford chamado “Uma questão de fato. III estudo nacional de escolas charters 2023” e que, segundo ele “sugere uma perspectiva mais favorável às escolas charters do que seus críticos poderiam admitir”, quando comparadas com as escolas públicas regulares.

As escolas charters fazem parte do fracassado pacote de privatização da educação americana que se assemelha à modalidade de parceria público-privada, ou seja, terceirização das escolas públicas. Além disso, o autor considera, na Folha de São Paulo, que os estudantes das terceirizadas mostraram ter “ganhos expressivos” face aos da escola pública regular. Já em 2016 Olinto andava por Goiás ajudando a promover a terceirização das escolas públicas no Brasil.

Leia aqui o artigo da Folha de São Paulo

A Network for Public Education, que luta pela escola pública nos Estados Unidos, divulgou hoje seu relatório contestatório ao do CREDO com o título: “Fato ou falácia? Uma crítica detalhada do Relatório Nacional CREDO 2023”, uma resposta bem feita que rastreia os financiadores e o viés nos dados, métodos e conclusões do relatório do CREDO.

Acesse aqui o relatório do CREDO.

O relatório do CREDO, apesar das falhas metodológicas e vínculos de financiamento que o comprometem teve ampla repercussão na grande mídia.

Como aponta Diane Ravitch, Carol Burris, diretora executiva da Network for Public Education revisou os dados e a metodologia e encontrou vários problemas nele. As diferenças estatísticas entre os dois setores (público e privado) em 2023 “eram iguais às do primeiro estudo de 2013, que foram então descritas como insignificantes.” O relatório do CREDO “desenvolve a pesquisa com cadeias de escolas charters escolhidas a dedo e uma metodologia falha que embeleza os resultados”. Sem contar que o estudo é feito por um Centro de Pesquisa “financiado por bilionários que apoiam a privatização da educação” nos Estados Unidos e que, por isso, apresenta conflito de interesses.

O documento contestatório do NPE sugere “aos formuladores de políticas, ao público em geral e aos pais para desconsiderar os resultados dos estudos do CREDO que pegam resultados minúsculos e os ampliam usando o recurso de recorrer a sua transformação em “dias de aprendizagem” inventados pelo CREDO. Seus estudos estão se tornando nada mais do que propaganda para a indústria de terceirização.”

O relatório NPE analisa o relatório do CREDO nos seguintes aspectos:

A história do CREDO e sua conexão com a Hoover Institution; Críticas acadêmicas da metodologia CREDO; Diferenças triviais exageradas pela construção criada pelo CREDO, ‘dias de aprendizagem’; Viés na metodologia “Virtual Twin”; e Erros graves na identificação de escolas administradas por Charter Management Organizations.

Acesse aqui o post de Diane Ravitch, do NPE.

Baixe aqui o relatório contestatório do NPE.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
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3 respostas para Escolas charter: a revolução silenciosa. Fato ou falácia?

  1. Cecilia M A Goulart disse:

    Que luta insana pela escola pública! Ufa!

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