Brincando com a vida dos outros

Já argumentamos neste blog inúmeras vezes sobre a questão das terceirizadas que corrigem os exames dos nossos jovens. A questão é antiga e já foi tratada até em livro:

Farley, T. Making the grades: My misadventures in the standardized testing industry. Sausalito: PoliPointPress, 2009.

Hoje, denúncias do jornal O Globo mostram que textos com problemas de ortografia não impediram que candidatos recebessem nota máxima na redação do ENEM:

“Denúncias do jornal O Globo mostram que redações do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com erros de gramática e ortografia obtiveram a nota máxima, 1.000. Em um outro texto, um estudante colocou a receita para um miojo e teve a argumentação considerada “adequada”.” Leia aqui.

Nestes casos denunciados, tivemos erros para mais na nota, e quando os erros são para menos, derrubam as notas e afetam a vida dos jovens? Em áreas disputadas pelo vestibular do ENEM a posição dos estudantes é definida por décimos. Os pais e estudantes precisam tomar consciência dessa realidade. Os testes não são tão precisos como alguns querem fazer parecer. Sobre isso há muita bibliografia.

A saúde dos testes e os critérios bem como a transparência dos processos de avaliação é ponto central a ser exigido das terceirizadas que realizam tais avaliações. Deveria haver um Procon da Avaliação. O Ministério Público tem procurado ser este espaço, mas é constantemente desqualificado e apontado como uma interferência em uma “questão pedagógica”. Como se vê, parece que não.

Sobre Luiz Carlos de Freitas

Professor aposentado da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP - (SP) Brasil.
Esse post foi publicado em Enem, Meritocracia. Bookmark o link permanente.

3 respostas para Brincando com a vida dos outros

  1. Ana Paula Carra disse:

    Oi Profº Luiz!
    Gosto muito de ler o seu blog, especialmente as postagem sobre educação infantil (minha área de maior interesse). Parabéns pelo trabalho, ele tem sido um meio de aprendizagem e de “abrir de olhos” para muitos, inclusive para mim
    Eu me cadastrei para receber as postagens por e-mail mas não tenho recebido. O Sr sabe pq isso está ocorrendo?
    Abraço

  2. Suelen Batista de Souza disse:

    Muito boa essa postagem!
    Realmente os instrumentos de avaliação em larga escala apresentam problemas muito sérios que prejudicam diversos alunos, não somente “atrasando” um ano da vida dos mesmos, mas principalmente, afetando a perspectiva de vida, autoimagem de si, constrangimento perante os familiares dentre outros.
    É realmente uma brincadeira com a vida de vários alunos que necessitam desse instrumento para diversas universidades no país. O que fazer ?

Deixe um comentário